Resumo |
Introdução: Existem situações nas quais o uso das vias tradicionais de hidratação nos equídeos, vias intravenosa e nasogástrica, está impossibilitado por fatores como refluxo enterogástrico ou alto custo das soluções eletrolíticas de uso intravenoso. Nesses casos, a hidratação pela via intracecal (HETiCecal) surge como solução em equinos onde as porções iniciais do trato gastrointestinal estejam comprometidas. Objetivo: Objetivou-se avaliar o efeito de soluções eletrolíticas enterais associados ou não a maltodextrina, administradas em fluxo contínuo por via intracecal na taxa de 10 mL kg-1 h-1, durante 12 horas sobre o pH, pCO2, HCO3-, cBase, anion gap e diferença de íons fortes (DIF). Material e Métodos: Foram utilizados seis equinos adultos hígidos, em um delineamento Cross Over 6x2. Os animais foram alojados em baias individuais, onde permaneceram sob jejum hídricoalimentar por 24 horas. Os tratamentos realizados foram: SEEMalt - solução eletrolítica contendo cloreto de sódio, cloreto de potássio, cloreto de magnésio, acetato de cálcio e maltodextrina; SEE – solução eletrolítica contendo cloreto de sódio, cloreto de potássio, cloreto de magnésio e acetato de cálcio diluídos em água. As soluções foram administradas na taxa de infusão de 10 mL kg-1 h-1, durante 12 horas. Amostras de sangue foram obtidas para aferição do pH, pCO2, HCO3-, cBase, anion gap e DIF. Os exames hemogasométricos foram realizados nos tempos: T-24h, T0h, T4h, T8h, T12h e T+12h. Os dados foram submetidos à análise estatística. Resultados: Os equinos tratados com ambas as soluções apresentaram decréscimo no pH sanguíneo após o período de jejum, aumentando ao longo da hidratação. Porém, não houve diferença entre tempos e entre tratamentos. A pCO2 de equinos tratados com ambas as soluções apresentou variações discretas ao longo da hidratação, com diminuição após o retorno da alimentação. No entanto, não houve diferença entre tempos e entre tratamentos. O HCO3- e cBase em equinos tratados com ambas as soluções apresentaram resultados similares. Observou-se os maiores valores após oito horas de hidratação em equinos tratados com SEEMalt. Porém, não houve diferença entre tempos e entre tratamentos. O anion gap de equinos tratados com ambas as soluções apresentou discreta variação ao longo do período de hidratação, seguido de valores numéricos significativamente semelhantes ao término do período experimental. Não houve diferença estatística entre tempos nem entre os tratamentos. A DIF de equinos tratados com ambas as soluções também apresentou variações discretas ao longo do período de hidratação, sendo maior valor observado oito horas após o início da hidratação em equinos tratados com SEEMalt. Porém, não houve diferença entre tempos nem entre os tratamentos. Conclusão: As soluções eletrolíticas enterais testadas no presente ensaio não causaram efeitos adversos sobre o perfil hemogasométrico dos animais, podendo ser usadas na rotina clínica, pois se mostraram eficazes e seguras. |