Resumo |
O transporte é um fator estressor da criação e comercialização de peixes que pode causar prejuízos econômicos, com mortalidade decorrente da deterioração da qualidade de água e aumento da incidência de infecções bacterianas. Normalmente, recomenda-se que os peixes sejam submetidos a jejum antes do transporte, visando reduzir o acúmulo de fezes e a proliferação de microrganismos indesejáveis. Entretanto, poucos estudos foram realizados para se avaliar o efeito do tempo de jejum antes do transporte de peixes. Dentre as alternativas utilizadas para minimizar tais efeitos e se manter a qualidade da água, destaca-se o uso de sedativos naturais como o óleo essencial de cravo (OEC), por ser rico em eugenol, com propriedades antimicrobianas e antioxidantes. Neste trabalho, objetivou-se avaliar o efeito do OEC e do tempo de jejum sobre a qualidade de água e a quantidade de bactérias totais presentes no meio. O experimento foi realizado em esquema fatorial 4x2, em delineamento inteiramente casualizado, com quatro concentrações de óleo de cravo-da-índia, Syzygium aromaticum (0; 5; 10 e 15 mg L-1) e dois tempos de jejum (2 e 12 horas antes do transporte), com três repetições por tratamento. Houve interação significativa entre os níveis de OEC e os tempos de jejum para o número de unidades formadoras de colônias bacterianas (UFC/mL). Observou-se efeito linear crescente do OEC sobre a concentraçao de bactérias apenas na água dos peixes submetidos ao tempo de jejum de 2 h. Os valores de UFC/mL foram maiores no tempo de jejum de 12 h, exceto no tratamento controle. Houve interação significativa dos efeitos do OEC e do tempo de jejum sobre o pH e oxigênio dissolvido na água, bem como efeito significativo do óleo e do tempo de jejum sobre a concentração de amônia. Notou-se efeito linear decrescente do OEC sobre o pH e oxigênio dissolvido na água apenas no tempo de jejum de 2 h. Com relação ao efeito do tempo de jejum, observaram-se menores valores de pH na água dos peixes transportados após jejum de 2 h apenas nos tratamentos com 10 e 15 mg/L de OEC. Com relação ao teor de oxigênio dissolvido, observou-se efeito linear decrescente do OEC apenas na água dos peixes transportados após jejum de 2 h. O teor de oxigênio foi menor na água dos peixes transportados após jejum de 2 h, exceto no tratamento controle. Apesar do uso do OEC ter reduzido a concentração de amônia, o mesmo propiciou aumento da população de bactérias na água. Embora as variáveis de qualidade de água tenham permanecido dentro dos limites adequados para o transporte de peixes, são necessários novos estudos para identificar quais espécies de bactérias prevalecem nestas condições e o potencial para causar prejuízos, bem como avaliar interação entre tempos de jejum, suprimento de oxigênio e densidades de estocagem para que se estabeleçam os limites adequados para o transporte de peixes. |