Resumo |
O trigo (Triticum aestivum L.) é uma espécie amplamente estudada em todo o mundo, devido à sua importância científica, tecnológica e econômica. No cerrado brasileiro, o cultivo de trigo está em constante expansão, prevendo-se um aumento de 100 mil hectares na área plantada até o final de 2023, o que pode reduzir as importações em cerca de R$450 milhões. No entanto, a produtividade do trigo pode ser afetada por diversos fatores, sendo a doença brusone, causada pelo fungo Pyricularia oryzae, que ataca a espiga do trigo, uma das principais ameaças a essa cultura. A brusone pode resultar em perdas de até 72,5% no peso das espigas, variando de acordo com o período de infecção e da região de cultivo do trigo. O controle químico com fungicidas tem apresentado eficácia limitada. Assim, o uso de cultivares tolerantes ou resistentes tem se mostrado a melhor estratégia para lidar com a brusone. No entanto, observa-se que mesmo dentro de um mesmo programa de melhoramento, cultivares resistentes podem apresentar variabilidade de resistência, apresentando infecção pelo fungo mesmo tendo o gene de resistência. Essa infecção pode ser observada pelo perfil metabólico da planta, a partir de metabólitos secundários envolvidos em respostas de defesa e aumento de compostos do ciclo de Krebs. A análise metabolômica não alvo é uma abordagem que permite o estudo e observação dessas respostas metabólicas. Nesse estudo, o objetivo foi identificar os principais metabólitos que diferem nas cultivares resistentes quando infectadas pelo patógeno. Foram coletadas folhas bandeiras das plantas de trigo cultivadas em uma área com histórico de brusone na Cooperativa Agrícola do Alto Paranaíba (COOPADAP), sendo algumas delas pulverizadas com uma solução contendo P. oryzae. Tais folhas foram congeladas, maceradas e submetidas à extração e secagem. O material seco foi derivatizado e analisado por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Por meio dessa análise, foi possível identificar metabólitos que indicam a resposta das plantas ao patógeno e também encontrar diferenças na resposta bioquímica das cultivares resistentes quando contaminadas com a brusone. Os resultados obtidos podem elucidar as diferenças bioquímicas entre as cultivares resistentes e ajudar a compreender a suscetibilidade dessas cultivares à infecção pela brusone. |