Resumo |
O Brasil possui uma das maiores reservas de bauxita do mundo, as quais somam 2,6 bilhões de toneladas e sua produção anual é superior a 37 milhões de toneladas. A bauxita é utilizada para a extração da alumina, principalmente, pelo processo Bayer, que posteriormente é utilizada na fabricação do alumínio metálico. Isso implica em uma grande preocupação com a lama vermelha, resíduo gerado neste setor industrial, pois, quando este é disposto em locais inadequados, pode provocar danos à saúde humana e ao meio ambiente. Diante disso, o reaproveitamento desse resíduo para a fabricação de novos produtos é uma alternativa que contribui com o desenvolvimento sustentável. Dentre os setores ligados à construção civil, o setor industrial de tintas, destaca-se na busca por soluções para reduzir os impactos ambientais, causados pelos produtos empregados na pintura imobiliária. Assim, o objetivo deste trabalho foi produzir e avaliar o desempenho e durabilidade de tintas sustentáveis e de baixo custo, utilizando lama vermelha. Para a produção das tintas, selecionou-se a lama vermelha em substituição aos pigmentos convencionais, a água (solvente) e a resina poliacetato de vinila – PVA (ligante). Inicialmente, submeteu-se o resíduo a um processo de desaglomeração, dispersão mecânica e peneiramento das partículas em meio aquoso, sequencialmente, realizou-se a caracterização física, química e morfológica do resíduo. Definiu-se um delineamento experimental de misturas ternário, variando-se as proporções do resíduo (25-35%), da água (55-70%) e da resina (10-15%). Em seguida, à luz da norma ABNT NBR 15079-1:2021, determinou-se o poder de cobertura da tinta seca e a resistência à abrasão úmida sem pasta abrasiva. Através da análise estatística dos resultados, verificou-se que a tinta de lama vermelha de melhor desempenho foi composta por 33% de resíduo, 55% de água e 12% de resina, resultando em uma resistência à abrasão de 126 ciclos e um poder de cobertura de 4 m²/l. Com isso, observou-se que a água influenciou negativamente na resistência à abrasão, pois, no delineamento, a melhor formulação apresentou a quantidade mínima de água considerada (55%). Nota-se ainda que o alto valor de resistência à abrasão deve-se, possivelmente, à composição química da lama vermelha, que é predominantemente óxido de alumínio e dióxido de silício, os quais possuem alta resistência ao desgaste. Além disso, quanto maior a proporção de resíduo, maior foi o poder de cobertura da película de tinta. Conclui-se que a tinta de lama vermelha atendeu, simultaneamente, às especificações de poder de cobertura (mínimo de 4m²/l) e resistência à abrasão (mínimo de 100 ciclos) prescritas pela ABNT NBR 15079-1:2021 para tintas látex da categoria econômica. |