Resumo |
A redução populacional de polinizadores, incluindo as abelhas, tem efeitos danosos para a agricultura e manutenção dos ecossistemas. Diferentes fatores estão associados à essa redução, entretanto, o papel de micro/nanopoluidores nesse processo ainda é pouco conhecido. Um exemplo desses poluidores é o dióxido de titânio (TiO2), que é amplamente usado na produção de alimentos, tintas e cosméticos. O presente trabalho avaliou o comportamento de locomoção de operárias da abelha sem ferrão Partamona helleri após a exposição oral a nanopartículas de TiO2. Ovos e adultos foram coletados de quatro ninhos do Apiário Central da UFV. Após eclosão dos ovos, imaturos foram alimentados com dieta larval (40 µL) obtida diretamente dos ninhos (controle), ou com a mesma dieta contendo TiO2 (10 µg/abelha), caracterizando a exposição crônica em condições de laboratório. Essa quantidade de dieta é consumida durante aproximadamente 15 dias. Logo após a emergência, as abelhas recém emergidas (n=40) foram alimentados com solução de sacarose (50%) por 72h até o início do ensaio de comportamento. Outro grupo de abelhas constituído por forrageiras (n=60; nascidas nos ninhos e transferidas para o laboratório) foram alimentadas com sacarose 50% (controle) ou com solução de sacarose contendo TiO2 (10 µg/abelha), durante 72h (exposição aguda), sendo posteriormente, alimentadas com solução de sacarose sem TiO2 até o início do ensaio (120h). Foram realizadas 10 filmagens com cinco abelhas em cada placa de Petri (cinco do grupo controle e cinco do grupo tratado) durante 10 minutos e processadas pelo software Ethoflow®, analisando a distância percorrida (cm), meandros (°/cm), período de descanso e as interações entre si. O experimento foi realizado em duplicata técnica tanto para adultas recém emergidas (n=40; exposição crônica), quanto forrageiras (n=60; exposição aguda), totalizando 100 indivíduos. No primeiro caso, o período de descanso foi maior em indivíduos tratados com TiO2, além de terem uma maior interação entre si em relação ao controle. Em operárias adultas alimentadas com TiO2 não houve diferença em nenhuma das variáveis mensuradas em relação ao controle. Os resultados indicam que variações comportamentais são observadas de acordo com as fases de desenvolvimento das abelhas e de acordo com o tipo de exposição oral (crônica ou aguda) a TiO2, podendo impactar negativamente as tarefas da colônia assim como os serviços ecológicos/econômicos prestados por esses polinizadores. |