Resumo |
A produção de proteínas convencionais requer grandes quantidades de terra, energia e água, causando diversos impactos ambientais. Nesse contexto, os insetos comestíveis surgem como valiosas fontes alimentares e alternativas sustentáveis contra a superexploração dos recursos naturais. Contudo, ainda são escassos os estudos que avaliaram a qualidade proteica e a segurança biológica do uso agudo in vivo da farinha de insetos comestíveis. Portanto, o presente trabalho objetivou avaliar a farinha de Gryllus assimilis quanto a sua composição centesimal, perfil de aminoácidos, qualidade proteica e segurança biológica de uso agudo in vivo. Para avaliação da qualidade proteica, foram utilizados ratos Wistar, distribuídos em 5 grupos (n=8): Grupo A: controle caseína; Grupo B: farinha de inseto associada à farinha de soja (30% das recomendações diárias de proteína advindas da farinha de inseto e 70% da farinha de soja); Grupo C: farinha de inseto atendendo 100% das recomendações proteicas; Grupo D: farinha de soja atendendo 100% das recomendações proteicas; e Grupo E: aproteico. Para determinar a qualidade proteica calculou-se o Coeficiente de Eficiência Alimentar (CEA), Coeficiente de Eficiência Proteica (PER), Razão Proteica Líquida (NPR) e Digestibilidade Verdadeira (DV). Para avaliar a segurança biológica, utilizaram-se os mesmos animais, excluindo apenas o grupo aproteico, observando-os quanto à mortalidade, mudança no comportamento, pele, olhos e atividade motora. Ao fim do experimento, os animais foram eutanasiados por punção cardíaca. Os dados foram analisados pelo software SPSS, adotando-se como nível de significância um p <0,05. Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa com Animais da Universidade Federal de Viçosa (UFV) pelo processo nº 29/2021. A farinha de grilo apresentou elevado conteúdo de proteínas, (60,99%), seguido de lipídeos (20,33%), fibras (11,24%), cinzas (3,37%) e carboidratos (0,06%). O aminoácido indispensável mais deficiente na farinha foi a lisina, visto que apresentou um escore químico de 0,49. O consumo alimentar total foi maior no grupo C, quando comparado aos demais grupos, porém, o valor de CEA foi superior no grupo controle, assim como os valores de PER e NPR. Os grupos testes não apresentaram diferenças entre si para estes índices. Já a DV foi inferior nos grupos testes em relação ao grupo controle (98,70%), no entanto, o grupo D (96,34%) destacou-se entre eles. A respeito da segurança biológica, todos os grupos demonstraram queda de pelo, porém, esta ocorreu mais precocemente no grupo C e não foi observada nenhuma outra anormalidade nos animais. Diante disso, tem se que a farinha de grilo é uma boa fonte proteica, mas com uma qualidade inferior às proteínas da farinha de soja e caseína. Além disso, a vinculação da farinha de soja à farinha de inseto não implicou em melhorias significativas em sua qualidade proteica, mas pode ter impactado na segurança biológica, de acordo com os parâmetros observados. |