Resumo |
A correta proporção dos materiais utilizados em concretos de cimento Portland é essencial para garantir que sejam atendidas as especificações de aplicação – resistência mecânica, trabalhabilidade, durabilidade e deformabilidade – com bom aproveitamento dos materiais e um baixo consumo de cimento. Além da redução de custos e outras vantagens técnicas, como menor calor de hidratação e diminuição da retração, o baixo consumo de cimento tem sido apontado como uma estratégia para aumentar a sustentabilidade no setor da construção civil, sobretudo, pela redução das emissões de compostos poluentes, como o CO2 devido ao processo de fabricação do material. No Brasil, diversos pesquisadores têm trabalhado em desenvolver diferentes métodos de dosagem, os quais se tornaram amplamente conhecidos e utilizados, como o ABCP, IPT, CIENTEC, INT, ITERS, O'Reilly, dentre outros. Apesar dos resultados dos diferentes métodos, de forma geral, serem próximos e consistentes, pode-se observar variações relevantes de alguns parâmetros, como o teor de argamassa, consumo de cimento, custo por m³, custo por m³/MPa. Assim, o presente trabalho visa identificar, com base em revisão da literatura, os principais métodos de dosagem de concretos de cimento Portland utilizados no Brasil e compará-los a fim de implementar os mais eficientes, em termos dos parâmetros citados, em uma ferramenta de apoio à obtenção de traços, custos e indicadores de ecoeficiência para dispositivos portáteis (smartphones), já em desenvolvimento pelo Grupo de Pesquisa SICon. Os resultados do estudo demonstram que os métodos mais eficientes podem variar, principalmente, com os materiais utilizados nas experimentações e com a resistência mecânica do concreto. Para concretos do Grupo I (classes de resistência C20 a C50), mais comumente utilizados no Brasil, os métodos IPT e ABCP se mostram os mais eficientes, apresentando menor teor de argamassa, menor consumo de cimento, menor custo e menor custo por resistência mecânica. Como a escolha entre os dois métodos pode variar com as características dos materiais utilizados, conclui-se a importância da implementação de ambos à ferramenta e, além disso, da possibilidade de o usuário utilizar resultados fornecidos por outros métodos ou por adaptações dos disponíveis, obtidos paralelamente. Com isso, será possível utilizar a ferramenta para, além de obter traços, custos e indicadores de ecoeficiência, comparar, de forma simples, as características de concretos feitos com diversos métodos de dosagem a fim de escolher o mais adequado, inclusive para o Grupo II de classes de resistência. Desse modo, espera-se contribuir para a diminuição dos impactos ambientais devido à fabricação de concretos de cimento Portland e para um melhor aproveitamento dos materiais dentro do setor da construção civil. |