Resumo |
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de rochas ornamentais do mundo, produzindo no ano de 2019 mais de 9 milhões de toneladas, contudo, esta indústria gera cerca de 41% de perdas da matéria-prima no processo de recorte e polimento das chapas, e, esse resíduo, apesar de ser classificado como não perigoso e inerte, se descartado incorretamente pode ocasionar problemas ambientais como assoreamento de rios, poluição de mananciais e doenças à população devido a granulometria pulverulenta do material. A utilização desses resíduos em subprodutos na construção civil é uma alternativa viável, visto que é possível agregar valor comercial ao resíduo e ao produto gerado, e melhorar as características físicas e ambientais do concreto. Esta pesquisa busca primeiramente avaliar as propriedades em estado fresco e endurecido de microconcretos autoadensáveis contendo fíler de resíduo de beneficiamento de rochas ornamentais em substituição parcial ao cimento Portland. Em seguida, objetiva-se medir o seu desempenho de ecoeficiência a partir da quantificação dos impactos ambientais de cada material utilizado e correlacionar com a resistência adquirida pelo concreto. Para esta avaliação foram utilizados indicadores de sustentabilidade ambiental, nos quais são levados em conta as emissões de gases do efeito estufa na produção do concreto, o potencial de aquecimento global em 100 anos (GPW), o consumo de matéria-prima, a geração de rejeitos (avaliando a toxicidade ecológica, aquática, terrestre e marinha destes), o consumo de água e a emissão de material particulado. Para os valores correspondentes a cada indicador foram utilizados dados presentes na literatura e também no banco de dados Ecoinvent 3, presente no software SimaPro. Foi utilizado na pesquisa o cimento Portland de alta resistência inicial CPV-ARI, indicado para utilização na fabricação de elementos pré-fabricados por demandar menores tempos de cura, além de dois agregados convencionais. Inicialmente foi realizada a caracterização dos materiais com base nas prescrições normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e utilizando um traço presente na literatura foi possível determinar as propriedades no estado fresco e no estado endurecido. Já para determinação dos parâmetros de impacto ambiental, utilizou-se de um banco de dados construído ao longo da pesquisa que baseia-se em indicadores propostos por Souza et al. Espera-se observar melhorias na trabalhabilidade devida a fina granulometria do material, aumentando o grau de empacotamento dos grãos, garantindo as qualidades de um concreto autoadensável de fluidez, coesão e resistência à segregação, diminuindo o nível de absorção do concreto, sem que haja perdas significativas na resistência mecânica do concreto. Tais dosagens poderão ser usadas como referência na indústria da construção civil, contribuindo na promoção do desenvolvimento sustentável e agregando valor aos setores envolvidos (geradores e consumidores de rejeitos). |