Resumo |
A Administração Pública observou inúmeras mudanças desde a colonização do Brasil, experimentando diversos modelos administrativos. Em um cenário de profunda crise fiscal, na segunda metade do século passado, emerge o paradigma gerencial à Administração Pública, cuja principal proposta é a eficiência administrativa. O centro do novo formato de gestão passou a ser a obtenção de resultados, com foco na produtividade. A pós-graduação brasileira se viu inserta neste cenário quando notada a sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico brasileiro. Para certificar a qualidade dos programas de pós-graduação e criar um ranking entre eles, foi idealizada a avaliação periódica pela Capes, instrumento de controle de eficiência pelo Estado, unificando todas as unidades educacionais em um mesmo sistema. Os programas de pós-graduação brasileiros enfrentam vários desafios para cumprimento dos requisitos impostos pela Capes. A fim de estruturar o referencial teórico de um projeto de pesquisa, este trabalho objetivou, através de uma revisão na literatura, identificar alguns desses desafios e o instrumento de gestão apto a trabalhá-los, buscando-se a expansão dos programas. Os artigos coletados no Portal de Periódicos Capes e o relatório da Comissão Especial de Acompanhamento do PNPG 2011-2020 evidenciaram que a busca por publicações tem impetrado um viés trivial e superficial à pesquisa. A busca pela produtividade tem, também, atingido o corpo docente, sobrecarregando-o em atividades, visto que o número de profissionais é insuficiente para atender ensino e pesquisa. Nota-se que não há efetivas políticas institucionais para a promoção e desenvolvimento da pesquisa. O atraso no resultado da avaliação quadrienal 2017/2020 e a redução do orçamento nos últimos anos também são óbices ao desenvolvimento. A crise sanitária iniciada em 2020 também gerou grande impacto no desenvolvimento da pós-graduação; as prorrogações de prazos e bolsas, restrição de acesso às universidades que impossibilitou o desenvolvimento da pesquisa e mudança no formato das atividades (de presencial para remoto ou híbrido) são alguns deles. Uma técnica administrativa apta a estabelecer o propósito de direção que a organização deverá seguir para atingir seus objetivos e evitar riscos é o planejamento estratégico. Em se tratando de uma Universidade Pública, o Planejamento Estratégico Situacional – PES é o mais adequado; foi desenvolvido para ser utilizado exclusivamente no serviço público e propõe-se aos objetivos estratégicos, mas tendo por base situações concretas. O PES deve observar as seguintes fases: definição dos objetivos a alcançar (explicar como nasce e se desenvolve o problema), tomada de decisões sobre ações futuras e definição de planos (delinear os planos e valida-los junto aos sujeitos envolvidos, não somente o planejador) e ação (atacar o problema na prática). Vê-se que o PES é um importante instrumento para enfrentamento dos desafios da pós-graduação stricto sensu. |