Resumo |
A violência contra a mulher é um problema grave que tem se intensificado na sociedade brasileira e global. Estudos mostram que a violência doméstica afeta a vida das mulheres, com reflexos em sua saúde física e mental, assim como na vida de seus filhos. As crianças expostas à violência doméstica também sofrem consequências negativas, com a probabilidade de perpetuar o ciclo da violência. Para combater esse problema, políticas públicas e programas educacionais são essenciais, tanto para prevenir a violência, quanto para oferecer apoio às vítimas. Nesse contexto, emerge o Programa Mulheres Mil (PMM), de cunho educativo, que visa a inclusão social das mulheres, por meio do aumento da escolaridade, acesso ao mercado de trabalho, além do controle da violência. Assim, a pesquisa teve como objetivo analisar as repercussões da educação, através do PMM, no controle da violência contra as mulheres e sua transmissão intergeracional, visando a melhoria da qualidade de vida. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa, de natureza descritiva e exploratória, tendo como referencial teórico-conceitual a transmissão intergeracional da violência contra a mulher. Como instrumento de coleta de dados, foi feito uso da Roda de Conversas junto às mulheres egressas do PMM, que sofreram violência doméstica ou possuíam um histórico de violência. Os dados foram analisados com base na análise de conteúdo de Bardin (2009). Os resultados mostraram que o controle da violência doméstica, como um dos objetivos do PMM, tem sido priorizado nas palestras e, principalmente, nas oficinas sobre os direitos das mulheres. Desta forma, o PMM, enquanto instrumento de educação, por meio do acesso a novos conhecimentos e troca de experiências, promoveu um sentimento de empoderamento e autonomia por parte das egressas participantes do programa, tendo reflexos positivos em sua autoestima, fortalecendo-as para enfrentar a violência e romper com o ciclo intergeracional da violência. Em seus relatos, as egressas apontaram a violência presente em seu cotidiano e os traumas decorrentes da violência sofrida em suas vidas e também de seus filhos. Ao participarem do programa, estas mulheres romperam com as barreiras do silêncio e com a invisibilidade da violência perpetrada por seus companheiros, passando a vislumbrar um futuro promissor e a conquista de uma nova vida. Além disso, as participantes se tornaram exemplos inspiradores para suas famílias e evidenciaram a importância do PMM em suas vidas. Diante dos achados da pesquisa, pode-se pensar o PMM, como uma política pública potencialmente indutora, de cunho motivador, promotora da autovalorização da mulher, que pode preceder tantas outras ações e programas voltados para o bem-estar social, tanto pessoal quanto familiar, promovendo a saúde e a qualidade de vida das mulheres e das futuras gerações. |