Resumo |
Staphylococcus são bactérias ubíquas e algumas espécies do gênero são responsáveis por diversas infecções em seres humanos e animais, variando de simples infecções de pele a graves infecções sistêmicas. O uso inadvertido de antimicrobianos no tratamento e prevenção de infecções causadas por elas tem diminuído as opções terapêuticas, havendo a emergência de cepas resistentes à maioria das drogas disponíveis atualmente. Portanto, o desenvolvimento de terapias alternativas aos antibióticos é urgente, dentre as quais a fagoterapia tem ganhado destaque. Esta consiste na utilização de bacteriófagos (ou fagos), vírus que atacam bactérias, como agentes terapêuticos altamente específicos e seguros. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo padronizar uma técnica de isolamento de bacteriófagos e testá-los contra diversas espécies de Staphylococcus multirresistentes e patógenos oportunistas de humanos e animais. Para isto, amostras de efluente de suinocultura da Universidade Federal de Viçosa foram coletadas e mantidas sob refrigeração até seu processamento. Uma alíquota desta amostra foi plaqueada com swab estéril em meio ágar manitol salgado, para o isolamento de bactérias do gênero Staphylococcus. As colônias obtidas foram testadas quanto à produção de catalase e coloração de Gram. Aquelas que foram classificadas como catalase positivas e Gram-positivas foram posteriormente identificadas por MALDI-TOF. Os Staphylococcus confirmados foram estocados em meio de infusão de cérebro e coração (BHI) e glicerol 30% a -80 ºC. Paralelamente, 25 mL da amostra do efluente de suinocultura foram centrifugados a 12000 g por 10 min e o sobrenadante foi esterilizado por filtração em filtros de 0,22 µm. Ao filtrado obtido foram adicionados 25 mL de meio BHI e 50 µL de uma cultura em fase exponencial da bactéria isolada anteriormente, visando a propagação de fagos. Essa solução foi mantida sob agitação a 37 ºC por 24 h e, no dia seguinte, centrifugada e filtrada novamente. A atividade lítica desta solução presumidamente contendo fagos foi então testada contra as próprias hospedeiras, por plaqueamento das culturas bacterianas em ágar semissólido e aplicação de gotas de 10 µL sobre o ágar. Após incubação a 37 ºC por 24 horas, foram observadas zonas claras sobre o ágar, indicando lise celular mediada pelos fagos. Essas zonas foram replicadas novamente em contato com suas hospedeiras, visando sua purificação. As soluções de fago obtidas foram então testadas contra cepas clínicas e multirresistentes de Staphylococcus aureus, Staphylococcus haemolyticus e Staphylococcus epidermidis de humanos, e contra Staphylococcus pseudintermedius e Staphylococcus coagulans, isoladas de infecções de pele em cães domésticos. Os fagos foram ativos contra a maioria das bactérias testadas, indicando um excelente potencial terapêutico no combate às infecções causadas por essas bactérias, demonstrando que a fagoterapia é uma abordagem promissora no combate à resistência antimicrobiana. |