Resumo |
A planta Cannabis Sativa L. possui vários sinônimos, sendo um deles o termo popularmente conhecido como maconha. Essa designação se estabeleceu na sociedade brasileira como uma forma de classificar a cannabis como ilegal ao longo da história. No entanto, a crescente conscientização sobre os diversos usos da planta tem suscitado discussões sobre o seu status ilegal, abrindo espaço para pesquisas. Nesse sentido, a Universidade Federal de Viçosa tem se destacado como pioneira nas pesquisas agronômicas relacionadas à cannabis, com a contribuição da ADWA Cannabis, uma startup especializada na cadeia produtiva da planta no Brasil. A empresa obteve autorização judicial para realizar o cultivo da planta dentro do espaço da universidade, visando estudar sua potencialidade como uma cultura agrícola capaz de gerar tecnologia e produtos para o mercado interno e para exportação. Essa inovação de pesquisa dentro da UFV despertou o interesse de outros pesquisadores, que se integraram a grupos como a ADWA Cannabis e o Grupo Brasileiro de Estudos de Cannabis Sativa (GBEC), vinculado à própria empresa, além de outros grupos como a Liga Acadêmica de Estudos em Cannabis Sativa da Universidade Federal de Viçosa (LAECasa - UFV). Com base nisso, a presente pesquisa optou por realizar um estudo de caso, utilizando um procedimento metodológico de investigação exploratória. Foram mobilizadas 7 entrevistas realizadas pelo grupo de pesquisa. O objetivo é compreender o cenário de pesquisa desses pesquisadores que escolheram estudar um tema sensível e com restrições legais. No escopo da análise, buscou-se compreender as motivações dos entrevistados em estudar a cannabis, criando uma categorização de perfil dos pesquisadores. O que pode ser observado em relação a esses participantes da pesquisa é que os interesses acabam perpassando por questões culturais sociais e políticas; pelo potencial econômico; interesse em orientação em pesquisa; ter paciente e/ou familiar com uso de cannabis medicinal ou pelas possibilidades no campo de pesquisa, assim abrangendo tanto aspectos socioculturais quanto científicos e pessoais. A partir dessas características, foi realizada uma classificação dos pesquisadores por meio da criação de tipologias, que são cientista-pesquisador, empreendedor-pesquisador e associativista-pesquisados, uma vez que cada pesquisador possui uma complexidade e abrangência de interesses, além de sua identificação como simplesmente um pesquisador. Ademais, buscou-se entender como esses pesquisadores utilizam diferentes termos como cannabis, maconha ou planta, ao se referirem a Cannabis Sativa L., com a finalidade de compreender se eles buscam se aproximar ou se distanciar das terminologias associadas ao paradigma criado pelo status ilegal da planta de modo a criarem estratégias de comunicação. Este trabalho faz parte da pesquisa "Conhecimentos Canábicos", financiada pela FAPEMIG. |