Resumo |
INTRODUÇÃO: No Brasil, o esporte universitário tem sua origem relacionada ao lazer e à recreação dos estudantes durante o século XX. O ambiente universitário reúne pessoas de diferentes culturas, costumes e interesses e o esporte é uma atividade crucial para a identidade dos sujeitos, que participam de associações e competições esportivas. Enquanto a ideia de que o esporte é um meio de prevenção e combate ao uso de drogas é enraizada no imaginário social e discursos políticos sobre esporte e saúde, por outro lado, há estereótipos sobre universitários quanto ao consumo de drogas. OBJETIVO: Analisar a cultura esportiva e o consumo de álcool, maconha e outras drogas por estudantes-atletas (EA) universitários de uma universidade mineira. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo. Aplicou-se um questionário online para EA. O instrumento abrangeu perguntas sobre os sentidos e significados da cultura esportiva, as vivências e percepções destes EA sobre o consumo de álcool, maconha e outras drogas. O trabalho foi aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos sob o número de parecer: 6.054.918. RESULTADOS: Responderam ao questionário 46 EA, sendo 25 homens e 22 mulheres, com idade entre 18 e 40 anos. 21,3% destes são bolsistas de algum programa/projeto ligado a atividades esportivas, demonstrando que a participação nas atividades esportivas vai além do subsídio financeiro oferecido a uma parcela de EA. 80,9% assinalaram que sua prática esportiva universitária tem sentido competitivo, mas, ao mesmo tempo, 59,6% atribuem, também, o sentido de lazer. Ao serem questionados sobre o consumo próprio de álcool, maconha e/ou outras drogas, 80,9% dizem fazer o uso de alguma substância, sendo o álcool citado por 76% dos EA, demonstrando a aceitação social desta, que é abstrusa da sua acepção de ser considerada uma droga, até em razão da sua licitude. A maconha foi citada por 23,9%. A outra droga citada foi o tabaco, por 8,6% EA. Os respondentes indicaram que presenciam, com as frequências “sempre” e “frequentemente”, o consumo de álcool (80,8%), maconha (74,5%) e outras drogas (55%) por EA durante eventos esportivos universitários. Ao expressarem suas perspectivas sobre o consumo destas drogas durante tais eventos, os EA têm opiniões divergentes. Há aqueles contra o uso de quaisquer drogas, aqueles que ressaltam o impacto negativo sobre a performance esportiva, outros relativizando os momentos de uso aceitáveis (como festas) e outros citando incômodo. Alguns EA ponderaram a responsabilidade de cada indivíduo, que deverá lidar com as consequências sem prejudicar o outro, principalmente nas modalidades coletivas. CONCLUSÃO: Nota-se que a maioria dos EA faz consumo de álcool. Presenciar o uso de álcool, maconha e outras drogas faz parte do cotidiano em eventos esportivos universitários. As percepções dos respondentes sobre o consumo de drogas por EA neste contexto específico são divergentes entre o aceitável, o incômodo e o prejudicial. |