Resumo |
INTRODUÇÃO: O cuidado à saúde, com os avanços dos conhecimentos científicos, tornou-se mais complexo e mais efetivo, porém, atrelado a esse avanço, o cuidado se tornou também mais potencialmente perigoso. Estima-se que milhões de pacientes sofram danos à saúde resultante de práticas inseguras, tornando a Segurança do Paciente (SP) um tópico essencial para uma assistência de qualidade e livre de riscos desnecessários. Na Atenção Primária à Saúde (APS) a SP ainda é um campo em consolidação, predominando trabalhos voltados para esfera hospitalar, todavia é imprescindível trabalhar essa abordagem na APS, visto que ela atua como coordenadora do cuidado nas Redes de Atenção à Saúde. OBJETIVOS: Compreender a concepção de cuidado seguro e os desafios enfrentados pelos enfermeiros na promoção da SP na APS. MÉTODOS: Estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, realizado com 17 enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família (ESF) em um município da Zona da Mata de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu entre junho e agosto de 2022 por meio de entrevistas individuais com roteiro semiestruturado. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo de Lawrence Bardin. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal proponente, parecer nº: 5.368.913, em consonância com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS: Três categorias emergiram após a análise das entrevistas: Concepções dos enfermeiros sobre cuidado seguro, segurança do trabalhador como uma interface do cuidado seguro e desafios vivenciados pelos enfermeiros na APS em relação ao cuidado seguro. Observou-se uma compreensão parcial das bases teóricas da segurança do paciente pelos enfermeiros, sendo abordado por eles conceitos de não-maleficência, integralidade e saúde do trabalhador. Entre os principais desafios foram destacados a sobrecarga de trabalho, estrutura física inadequada, insumos insuficientes, comunicação ineficaz na rede e ausência de educação permanente. Vale ressaltar que dos entrevistados nenhum havia passado por treinamento sobre SP na APS. CONCLUSÕES: Os resultados evidenciaram que a SP permanece um tema pouco abordado na APS, refletindo em um conhecimento fragilizado dos enfermeiros sobre o cuidado seguro, salientando, portanto, a necessidade de capacitações sobre o assunto. Ademais, existem diversos desafios para garantir práticas assistenciais mais seguras, no qual o investimento e aprimoramento de aspectos organizacionais e estruturais se faz necessário para a consolidação de uma cultura de segurança. |