Resumo |
O Brasil é líder mundial em melhoramento genético de Eucalyptus, e nos últimos anos têm se explorado diversas ferramentas de melhoramento e biotecnologia. Entretanto, modificações genéticas (mutagênese química) e epigenéticas de baixo custo não têm sido exploradas para ampliar a variabilidade fenotípica e plasticidade dos clones. O presente trabalho teve por objetivo verificar os efeitos morfofisiológicos do Etil metanosulfonato (EMS) e 5-Azacitidina (AzaC) em sementes de C. torelliana x C. variegata e em clones de E. camaldulensis. Sementes de Corymbia torelliana x Corymbia variegata foram tratadas com Etil Metanosulfonato em concentrações de 0 mM, 10 mM, 25 mM, 40 mM, 55 mM e 70 mM por 24h em shaker orbital a 70 rpm. Após a incubação, as sementes foram lavadas com 100 mM de Tiossulfato de sódio para remoção e inativação do EMS. As sementes foram germinadas em tubetes contendo substrato comercial e adubação de base (SFS + osmocote). Foram avaliados o percentual de germinação, altura média aos 70 dias após germinação, e também a perda da dominância apical (bifurcações). Para as modificações epigenéticas, minicepas clonais de E. camaldulensis foram tratadas 5 vezes com 5-Azacitidina a 100 mM e 3% de dimetilsulfóxido, em intervalos de 7 dias. Ao final dos tratamentos todas miniestacas brotadas foram coletadas, totalizando em duas coletas, em intervalos de 25 dias cada. Após coleta, miniestacas foram plantadas em tubetes e mantidas em casa de vegetação para enraizamento e posteriormente em casa de sombra para crescimento e aclimatação. Avaliou-se o percentual de enraizamento aos 15 e 30 dias, e modificações fenotípicas como crescimento de gemas axilares para cada coleta. O EMS teve efeito fitotóxico nas sementes tratadas, principalmente nas de maiores concentrações. Diferenças morfológicas como formato de folha e bifurcações foram observadas em relação ao controle. Sementes tratadas na concentração de 40mM apresentaram 76,47% (n=13) de indivíduos com perda de dominância apical e ativação de gemas axilares. Enquanto que a porcentagem de germinação decresceu de acordo com o aumento da concentração do EMS, sendo de 4,76% em concentração de 70mM. Miniestacas tratadas com 5-Azacitidina apresentaram enraizamento 90,91% em primeira coleta e 87,10% em segunda coleta, 30 dias após o estaqueamento em ambas. Morfologicamente, as mudas formadas sob AzaC apresentaram ativação de gemas axilares anormalmente (95,23% na primeira coleta e 83,87% na segunda), caracterizando perda de dominância apical completa na muda. O efeito do EMS na perda dos ápices caulinares em fase de plântula deve-se ao grande efeito mutagênico na substituição de bases GC para AT do DNA. Com aplicação de AzaC, a desmetilação do DNA pode promover a expressão de genes antes inativos, justificando a intensa atividade das gemas axilares. Estudos complementares serão feitos visando a seleção de materiais superiores. |