Resumo |
Fármacos desenvolvidos a partir de compostos bioativos obtidos de produtos naturais têm sido amplamente pesquisados como alternativas no combate da resistência antimicrobiana. Estudos anteriores mostraram alta atividade bactericida da fração hexânica (FH) de Eugenia astringens Cambess contra bactérias do gênero Staphylococcus. Neste trabalho, a estabilidade dos compostos bioativos foi estudada incubando alíquotas da FH sob diferentes condições e a atividade sobre cepas-referência e isolados bacterianos de cães com piodermite foi avaliada determinando-se a concentração inibitória mínima (CIM). Não houve diminuição da atividade antibacteriana da FH ao longo de 90 dias (CIM = 62,5 µg/mL para as cepas-referências, CIM = 31,2 µg/mL a 15,6 µg/mL para as isoladas clínicas). As temperaturas de 4°C, 25°C e 37°C, e a exposição à luz também não comprometeram a atividade biológica da fração testada. Uma formulação antibiótica foi preparada em farmácia de manipulação local contendo 0,5% e 5,0% da FH em pomada base dermatológica composta de polietilenoglicol e a atividade antibacteriana foi testada por meio da difusão em meio sólido. Ambas as formulações demonstraram atividade antimicrobiana contra as bactérias testadas, com halos que variaram de 7 a 13 mm a depender da cepa bacteriana. As estabilidades térmica e luminosa da formulação antibiótica desenvolvida foram avaliadas ao longo de 90 dias, incubando-se a formulação e a pomada base a 37°C, 25°C e 4°C e expondo à luz natural. A atividade foi medida a cada 15 dias por meio do teste de difusão em meio sólido e utilizando a pomada comercial Furanil como controle. A atividade biológica se manteve satisfatória até 30 dias de incubação quando a pomada foi exposta à luz natural. Porém, pela comparação dos halos de inibição, observou-se que a atividade não é perdida quando incubada em diferentes temperaturas independente do tempo. A análise microbiológica da formulação desenvolvida foi testada pesando-se 1g de ambas das formulações e da base, fazendo diluição seriada em solução salina 0,75% e plaqueando alíquotas em meio BHI ágar para avaliação de crescimento bacteriano e em meio PDA para avaliação do crescimento de fungos. Não houve crescimento bacteriano ou fúngico em nenhuma das condições. Em resumo, comprovou-se forte inibição da FH e das formulações desenvolvidas a partir de E. astringens sobre bactérias do gênero Staphylococcus. A temperatura não afetou a atividade dos compostos bioativos presentes na FH, porém a luz natural, ao longo do tempo, fez com que a atividade biológica fosse perdida, o que mostra que, desde que protegidas da luz, as formulações desenvolvidas têm potencial como um fármaco antibacteriano comercial. |