Resumo |
No mundo ocidental, tem-se como marco inicial para as pesquisas sobre os usos medicinais da cannabis os estudos de Willian B. O’Shaughnessy (1839). A adoção de uma política internacional de drogas de cunho proibicionista, que classificou a planta no rol das drogas ilícitas, resultou no hiato científico que perdurou até os anos 1960, quando Raphael Mechoulam institui novos marcos para a ciência cannábica (descoberta do THC, do CBD e descrição do Sistema Endocanabinoide). Esta pesquisa objetiva mapear as redes de pesquisadores com/sobre a cannabis no Brasil a partir de currículos Lattes. Para isso, partiu-se de um levantamento de artigos do Portal Brasileiro de Publicações e Dados Científicos em Acesso Aberto (Oasisbr), onde contabilizou-se (após eliminação dos duplicados) 132 autores, dos quais foi possível identificar 59 currículos cadastrados na plataforma Lattes. Esse grupo compôs o corpus desta pesquisa, que foi organizado e planificado, tendo sido observados aspectos como instituição de origem e área de conhecimento, maior titulação do pesquisador, tipo de produção científica, entre outros. As universidades que mais se destacam são Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). As áreas de conhecimento frequentes foram Medicina, Farmacologia, Psicologia e Neurociência. Para além da saúde, também identificou-se estudos nos campos do Solo Ciências Agrárias e Veterinárias, Ciências Sociais e Direito. Em relação ao perfil dos pesquisadores, cinco são somente graduados, três especialistas (Pós-graduação Lato sensu), seis mestres, 26 doutores e 18 pós-doutores. Destaca-se ainda que 46% atuam no Magistério Superior. Aponta-se ainda que os cinco pesquisadores mais atuantes, conforme produção científica registrada em seus currículos Lattes são: Crippa, J.A.S. (Neurociências/USP), Zuardi, A.W. (Psiquiatria/USP), Fraga, P.C.P. (Ciências Sociais/UFJF), Oliveira, M. S. (Psicologia/PUCS-RS) e Pedroso, R. S (Psiquiatria/UFRGS). Ao gerar relações de co-autorias nos currículos estudados, percebeu-se que há distintas formações de redes, a principal é formada por orientador-orientados, mas também há colaboradores em uma instituição, como é o caso de Crippa, J. A. S. Zuardi, A. W., Hallak, J. E. C, Diehl, A., Cunha, P. J., Guimarães, F. S. e Yonamine, M., que publicam juntos, todos vinculados à USP. Assim, esta pesquisa possibilitou identificar, mapear e popularizar as redes de pesquisa com e sobre a cannabis no Brasil. Por fim, esta pesquisa se vincula ao o projeto “Conhecimentos canábicos: ciência e política nas pesquisas com/sobre cannabis no Brasil”, sendo que o presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) - Código de Financiamento 001. |