Resumo |
As abelhas nativas sem ferrão são componentes vitais em todos os ecossistemas terrestres, estando presentes, principalmente, nas áreas Tropicais e Subtropicais do planeta. Essas abelhas participam da polinização de várias espécies de plantas, sendo peças-chave na manutenção da diversidade e do equilíbrio ecológico no ecossistema terrestre. Esse trabalho teve como objetivo realizar a caracterização citogenética da espécie Frieseomelitta trichocerata, a fim de ampliar o conhecimento sobre a evolução cariotípica deste gênero. Larvas da espécie F. trichocerata foram coletadas na cidade Redenção/PA. Para análise do número e da morfologia cromossômica, os gânglios cerebrais foram retirados e submetidos à solução hipotônica de colchicina, para se obter os cromossomos metafásicos. Posteriormente, foi realizada a coloração com Giemsa 4% e os cromossomos foram classificados de acordo com Levan et al. (1964). O padrão de distribuição das regiões ricas em A/T e C/G foi obtido pela técnica de bandeamento com os fluorocromos DAPI/CMA3 e o mapeamento do microssatélite (GA)15 foi feito através de hibridização in situ fluorescente (FISH), com sondas obtidas por amplificação via PCR e marcadas de forma indireta. Os resultados evidenciaram que machos e fêmeas de F. trichocerata apresentam 15 (12 metacêntricos e 3 submetacêntricos) e 30 cromossomos (24 metacêntricos e 6 submetacêntricos), respectivamente. O bandeamento com os fluorocromos DAPI/CMA3 mostraram regiões DAPI positivas na heterocromatina de todos os cromossomos e o microssatélite (GA)15 apresentou ampla distribuição na eucromatina de todos os cromossomos, sendo que nos machos em dois cromossomos houve marcações em ambos os braços. O número cromossômico encontrado para a espécie está de acordo com o já descrito para outras espécies do gênero, com exceção de F. longipes, que possui 34 cromossomos. Os resultados mostraram também que as regiões heterocromáticas presentes no cariótipo de F. trichocerata são ricas em pares AT e que a distribuição do microssatélite (GA)15 em regiões eucromáticas coincidem com os dados já observado em outras espécies do gênero e diversas espécies da tribo Meliponini, evidenciando um padrão para o grupo. A presença de marcações com o microssatélite (GA)15 em ambos os braços de dois cromossomos corrobora a hipótese de eventos de fusão cromossômica para a definição do número cromossômico do gênero. Estas fusões levaram à redução do número cromossômico ancestral da Tribo (n=17) para n=15, como observado no presente e em estudos realizados com outras espécies deste gênero. Dessa maneira, o presente trabalho reforça a importância das fusões para a evolução cariotípica de Frieseomelitta e aumenta o conhecimento sobre as sequências repetitivas do genoma desse gênero. |