Resumo |
No cenário atual, a cultura da soja (Glycine max) vem ganhando cada vez mais espaço na agricultura nacional, tornando o Brasil um dos maiores produtores de soja do mundo. Hodiernamente, o avanço de cultivares de soja resistentes à herbicidas auxínicos, provocou a ascensão de riscos de deriva de herbicidas como o 2,4-D e dicamba, em culturas não resistentes cultivadas próximas de áreas de soja Enlist (resistente ao 2,4-D) e Xtend (resistente ao dicamba). Por conseguinte, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da deriva dos herbicidas 2,4-D e dicamba em plantas jovens de soja convencional UFV não resistentes a estes herbicidas. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado (DIC), no esquema fatorial 2x3+1, em que o primeiro fator correspondeu aos herbicidas (2,4-D e dicamba), e o segundo fator, as doses utilizadas (1/16, 1/32 e 1/64 da dose comercial, sendo 2345 e.a./ha de 2,4-D, e 720 e.a./ha de dicamba), mais um tratamento adicional composto por um controle sem aplicações de herbicidas. A simulação da deriva foi realizada em estágio V2 de desenvolvimento da soja, por meio de um pulverizador costal pressurizado com CO2, em seguida foi realizado uma análise de nível de injúria em escala de avaliação visual, na qual a nota 0 foi atribuída a planta sem injúria, e 100 para a planta morta. As avaliações foram realizadas aos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 14 e 21 dias após a simulação de deriva dos herbicidas. Em decorrência, foram observados que nos três primeiros dias após a aplicação do 2,4-D, as plantas de soja apresentaram retorcimento e encarquilhamento da superfície foliar em todas as doses aplicadas, porém com menos efeito na menor deriva simulada (1/64). Após os 21 dias da simulação de deriva do 2,4-D, as plantas de soja que receberam as doses de 1/16, 1/32 e 1/64, apresentaram consecutivamente 60%, 55% e 30% de injúria em comparação com o controle. Resultados similares foram observados em todos os tratamentos aos 21 dias após a simulação de deriva do dicamba em plantas de soja na maior dose (1/16), com 85% de injúria, porém, com menos efeito nas doses 1/32 e 1/64, na qual apresentaram 75% e 67% de injúria consecutivamente. Estes sintomas observados em plantas de soja, se devem a epinastia, fenômeno comum causada pelos herbicidas auxínicos. Ademais, foram observados que a partir dos três primeiros dias após a simulação de deriva do 2,4-D, as plantas de soja recuperaram as injúrias causadas pelo herbicida, devido a metabolização do 2,4-D na planta, porém este efeito não foi observado em plantas que receberam a deriva do dicamba. Conclui-se que o dicamba é mais tóxico para as plantas de soja em todas as derivas simuladas em relação ao 2,4-D. Porém, apesar das plantas de soja terem se recuperado das injúrias causadas pelo 2,4-D, ainda assim, este também prejudicou o desenvolvimento da cultura. Por esta razão, cuidados são necessários com cultivos de soja não resistentes próximas de áreas cultivadas de soja Xtend e Enlist. |