Resumo |
Introdução: a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), apresenta uma importante morbimortalidade associada e se fundamenta em uma disfunção de complexos mecanismos neuro-hormonais. Dentre esses mecanismos, destaca-se a frequência cardíaca (FC), por possuir papel essencial não apenas na homeostase cardiovascular, mas também na disfunção do miocárdio. Nas atuais diretrizes de controle da HAS, o controle da FC recebe destaque por sua importância na prevenção de insuficiência cardíaca e das demais comorbidades cardiovasculares associadas, juntamente com o controle da dieta e a prática do exercício físico, constituindo-se nas principais medidas de prevenção de agravos. Objetivo: analisar a relação entre a variabilidade da FC com medidas de tratamento não farmacológico de pessoas diagnosticadas com HAS. Metodologia: estudo transversal, realizado nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Viçosa-MG, que inclui 141 indivíduos diagnosticados previamente com HAS. A coleta de dados se deu por meio de um questionário semiestruturado contendo perguntas relacionadas a variáveis sociodemográficas, cuidados em saúde e parâmetros clínicos, como a pressão arterial sistólica e diastólica e a FC. A FC foi avaliada em repouso por aparelho oscilométrico devidamente calibrado. Todos os entrevistadores foram devidamente capacitados para a aplicação do questionário e realização das medidas nos participantes do estudo. Posteriormente, os resultados foram analisados estatisticamente por meio de análises de frequência e regressão linear múltipla. As análises foram realizadas no Software SPSS. Resultados: a média de idade dos pacientes foi 66,09 anos, sendo a maioria do sexo feminino (72,3%), com diagnóstico de HAS a mais de 10 anos (58,8%) e grau de instrução fundamental incompleto (56,6%). A média da FC foi de 74,73 bpm e se associou positivamente ao nível de instrução e ao consumo de sódio, uma vez que o aumento de nível de instrução em 1 ano de estudo, aumenta a FC em 4,80 bpm (p= 0,01), e o aumento de 1 mg do consumo de sódio aumenta a FC em 0,368 (p= 0,07). A associação da FC com idade ou histórico de tabagismo não foi estatisticamente relevante. Conclusão: evidencia-se por meio do presente estudo que o maior consumo de sódio se associa a uma maior FC de repouso, o que reforça a dieta como uma importante medida não farmacológica para pessoas com diagnóstico de HAS. Ademais, a relação positiva da FC com o nível de instrução pode se associar por um estilo de vida mais industrializado e consequentemente maior consumo de alimentos processados. Nesse sentido, a mudança no estilo de vida mostra-se um fator fundamental para o controle da HAS, o que coloca em destaque a relevância da atuação de equipe interdisciplinar no âmbito da APS. Neste contexto, reforça-se a necessidade de acompanhamento longitudinal, por profissionais qualificados, investindo em ações voltadas à educação em saúde, promovendo o autocuidado, com foco na melhoria da qualidade de vida. |