Resumo |
Introdução: tanto o prontuário afetivo (PA), quanto a biografia afetiva-profissional (BAP) procuram aprofundar a interação e a confiança entre os personagens envolvidos na prática do cuidado. A partir da exploração da dimensão subjetiva, o PA valoriza as emoções e as singularidades dos pacientes-clientes, enquanto a BAP explora o perfil psicossocial do profissional de saúde, bem como sua carreira. Objetivo: relatar a experiência de estudantes de Enfermagem e Medicina ao criarem e proporem duas ferramentas inovadoras voltadas para a humanização da assistência de saúde. Metodologia: relato de experiência de estudantes de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e de Medicina do Instituto Metropolitano de Ensino Superior, vinculados a uma iniciação científica (IC), que busca aprimorar um software voltado para a gerência de home care da Startup MedYes, o CareYes. O trabalho busca explorar a percepção dos pesquisadores envolvidos na IC quanto à criação, aplicabilidade e os efeitos do PA e da BAP no contexto da assistência domiciliar. Vale destacar que estes instrumentos são propostas novas idealizadas por estes pesquisadores. Resultados: a criação do PA e da BAP ocorreu após os pesquisadores identificarem que o ambiente virtual do sistema CareYes necessitava de ferramentas que aproximassem o profissional ao cliente (paciente/família) para que o atendimento oferecido fosse mais humanizado e personalizado. Nesse contexto, o PA foi estruturado a partir de perguntas que questionam aspectos subjetivos e pessoais do paciente-cliente, como religião, como gosta de ser chamado, comidas, músicas, filmes, cheiros, familiares e animais favoritos. Se o PA foca na autopercepção do ser cuidado, a BAP busca extrair dados particulares e subjetivos, além de informações sobre a carreira do profissional da saúde, como inspirações profissionais e pessoais, instituição de ensino na qual se graduou/estudou, por que escolheu e a quanto tempo exerce a profissão. A busca por modelos de PA em diversas bases de dados científicas demonstrou que o uso desse recurso ainda classifica-se como incipiente. Em contrapartida, não há estudos avaliando o uso da BAP. Conclusão: tanto o prontuário afetivo quanto a biografia afetiva-profissional desempenham um papel inovador ao promover a integração do ser cuidado com o ser que cuida. Essas ferramentas buscam valorizar aspectos humanos que são deixados de lado quando o cuidado é embasado apenas em técnicas, procedimentos e protocolos. No entanto, é necessário realizar novas pesquisas com o fito de explorar, ainda mais, a implementação do PA e da BAP na prática clínica. Destaca-se que esses instrumentos têm o potencial de transformar a prática de cuidado, colocando as pessoas envolvidas nesse cenário como protagonistas, seres detentores de individualidades, que precisam ser respeitadas e reconhecidas. |