Resumo |
Nesta pesquisa de cunho autoetnográfico, busco investigar de que maneira ocorre o processo de formação de uma pesquisadora que investiga identidades, crenças e emoções de professores de línguas no campo da Linguística Aplicada. A pesquisa autoetnográfica (ELLIS, 2004; ONO, 2017; ASSIS, 2018) é um tipo de pesquisa incorporada e situada, de onde o sujeito pesquisador coloca-se a observar a si mesmo enquanto investiga, sendo ele próprio seu “objeto”, levando em consideração que conhecimento científico é situado socialmente (HARDING, 2015) e construído por sujeitos históricos e culturais, inseridos em um contexto. No estudo autoetnográfico, é através da conexão do micro (pessoal) com o macro (social e cultural) que as interpretações analíticas são feitas a respeito do(s) fenômeno(s) que o pesquisador escolheu dedicar maior foco. Por isso, recorro aos diários pessoal e de campo, à memória, fotografias, cadernos de aula, trabalhos acadêmicos e registros feitos durante eventos dos quais participei desde a minha entrada em março de 2022 no programa de Estudos Linguísticos e Linguística Aplicada no departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa. Enquanto reflito, analiso sobre a minha experiência nesse percurso a partir dos construtos de identidades (HALL, 2014; SILVA, 2014; NORTON, 2013), crenças (BARCELOS, 2006) e emoções (JAGGAR, 1989; AHMED, 2004; LUPTON, 2012), buscando compreender a inter-relação entre esses componentes (BARCELOS, 2015) em minha formação como pesquisadora. Até o presente momento, a análise autorreflexiva tem apontado para uma formação que extrapola o “ambiente” e “período” acadêmico do mestrado, sugerindo que as experiências e história de vida constituem “capital de vida” (life capital) (CONSOLI, 2022) no sujeito a tornar-se pesquisadora na Linguística Aplicada contemporânea no Brasil. Em minha história de vida, esse capital se mostra na importância das relações que construo com o espaço, com as linguagens, com a presença, com as perguntas e com a curiosidade. |