Resumo |
Introdução: Durante a pandemia da Covid-19, houve um aumento da incidência de desordens emocionais entre a população universitária. Objetivo: Avaliar a presença e a intensidade de desordens emocionais em estudantes universitários no contexto pós pandemia de Covid-19. Material e Métodos: Estudo transversal realizado com estudantes de uma universidade pública mineira entre setembro e novembro de 2022. Os dados foram coletados de forma online, a partir do instrumento de caracterização sociodemográfica e psicossocial, da Depression, Anxiety and Stress Scale 21 (DASS 21) e da The Impact of Events Scale-Revised (IES-R), que avalia a presença de Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT), e analisados no Statistical Package for the Social Sciences (versão 20.0), por meio da estatística descritiva. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (parecer: 5.700.107). Resultados: Participaram do estudo 146 estudantes, sendo 69,2% do sexo feminino, com média de idade de 22,7 anos (desvio padrão: 4,293). 63,7% autodeclaram-se brancos, 95,9% eram solteiros, 50% moravam em república, 87,7% não trabalhavam, 77,4% não eram atendidos por nenhum programa de assistência estudantil, 73,3% não recebiam qualquer tipo de bolsa, 60,3% não possuíam nenhuma renda mensal própria, 29,5% alegaram renda familiar média de 2 a 3 salários mínimos. 42,5% alegaram terem contraído Covid-19, sendo que 18,5% haviam se infectado pelo menos sete a 12 meses antes de responderem ao estudo. Em relação à formação acadêmica, 52,1% não haviam completado o segundo ano do curso, 50% estavam matriculados em cursos da área da saúde e ciências biológicas, 20,6% humanas, 18,7% exatas e 10,9% agrárias. No tocante à condição psíquica, 35,5% possuíam diagnóstico de ansiedade e 9,6% de depressão, sendo que, em 25,3% dos participantes, esses diagnósticos foram estabelecidos durante a pandemia. 25,3% alegaram fazer uso de antidepressivos e 29,5% de ansiolíticos. 55,5% disseram não fazer acompanhamento psicológico e 72,6% negaram acompanhamento psiquiátrico. 74% afirmaram que a pandemia piorou seu rendimento escolar, 84,2% se sentiram mais sobrecarregados e 47,3% alegaram que a pandemia influenciou de forma negativa na sua perspectiva de futuro profissional. No tocante a avaliação da saúde física e mental, entre zero (muito ruim) e 10 (excelente), a média relatada pelos estudantes foi de 6,3 (desvio padrão: 2,2248) e 5,4 (desvio padrão: 2,3372), respectivamente. A análise da depressão pela DASS-21 apontou média de 17,37 (desvio padrão: 12,182), o que corresponde a um nível moderado. Já a avaliação da IES-R apontou média de 1,416 (desvio padrão: 1,0729), indicando ausência de TEPT entre os participantes. Conclusão: Os resultados encontrados apontam para uma vulnerabilidade emocional dos estudantes universitários no contexto pós pandemia. |