Resumo |
Apesar de Moçambique possuir sete climas distintos, 67% das habitações de todo o país seguem a mesma tipologia conhecida como “palhota”. Nesse contexto, a admissão de um zoneamento climático para o país é primordial para se estabelecer requisitos para construções frente às zonas climáticas e assim se aplicar estratégias bioclimáticas específicas para cada zona, favorecendo o aumento de conforto térmico nas habitações. Dessa forma, o presente trabalho é a segunda parte do convênio entre a UFV e a Universidade Lúrio de Moçambique, sendo que, no primeiro ano do convênio foi possível criar o Zoneamento Climático do país e indicar estratégias bioclimáticas. Diante disso, o objetivo da presente pesquisa é quantificar o conforto térmico de habitações de baixa renda de Moçambique segundo o Zoneamento Climático proposto anteriormente. Primeiramente, foi realizado um levantamento das habitações de Moçambique segundo as zonas climáticas. Assim, as habitações representativas levantadas para as três zonas climáticas do país foram todas do tipo palhota, sendo que, para as zonas climáticas 1 e 2, a palhota retangular se mostrou a mais usual, com paredes de adobe e telhado de palha. Já a habitação representativa da zona climática 3 foi a palhota circular, sendo construída com paredes de caniço e telhado de palha. Após o levantamento, foi realizada a modelagem das habitações no software Sketchup e, posteriormente, a simulação computacional no software Energy Plus versão 9.3. Para a simulação no Energy Plus, foi necessário inserir outros dados pertinentes como: propriedades dos materiais construtivos, rotina dos moradores e arquivos climáticos das cidades. Para a escolha dos arquivos climáticos, optou-se por utilizar o arquivo climático de Nampula para a Zona Climática 1 e o arquivo de Chimoio para a Zona Climática 2. Até o momento, já se obtiveram resultados preliminares dos índices de conforto das habitações representativas das Zonas Climáticas 1 e 2. Esses resultados apontaram uma média de 83% e 89% das horas/ano em conforto na habitação representativa da Zona Climática 1 e Zona Climática 2 respectivamente. Além disso, há um desconforto por calor considerável, com uma média de 14% das horas/ano em desconforto por calor na Zona Climática 1 e 7% na Zona Climática 2. Os altos índices de conforto térmico podem ser explicados pelas condições climáticas amenas que as cidades simuladas possuem, uma vez que as temperaturas externas de ambas cidades se encontram, em grande parte, dentro dos limites de conforto adaptativo. Outra explicação seria a própria arquitetura vernacular, que faz uso de materiais e técnicas que respondem bem ao local e ao clima em que estão inseridos, favorecendo o conforto na habitação. Por fim, a simulação da habitação representativa para a Zona Climática 3 ainda está em curso. Portanto, ao final da pesquisa será possível quantificar o desempenho térmico de habitações frente às zonas climáticas estabelecidas para Moçambique. |