Resumo |
Introdução: A violência obstétrica é caracterizada como qualquer prática cometida pelos profissionais de saúde que realizam o acompanhamento da mulher durante todo o ciclo gravídico-puerperal que configure cuidados desumanos, intervenções desnecessárias, e a transformação do parto fisiológico em uma patologia. A violência obstétrica pode ser cometida tanto nos partos vaginais, quanto nos partos cesarianas. No entanto, no parto cesariano há certa dificuldade da mulher reconhecer os abusos cometidos durante o parto, devido a via de parto cirúrgica, ser realizada exclusivamente em ambiente hospitalar, pelo profissional médico, impedindo assim o protagonismo da mulher, exacerbando sua vulnerabilidade física, moral e psicológica. Objetivo: Avaliar o conhecimento sobre violência obstétrica de mulheres que realizaram parto cesárea. Material e métodos: Estudo transversal, descritivo-exploratório, de natureza quantitativa, que faz parte de um estudo maior, aprovado pelo comitê de ética da UFV pelo parecer 5.226.4223. As participantes da pesquisa foram puérperas, que tiveram o parto realizado em um hospital da Zona da Mata mineira. A coleta de dados foi realizada, por meio da aplicação individual de um questionário semiestruturado, elaborado pelos pesquisadores, contendo questões relacionadas às condições sociodemográficas das parturientes, nível de instrução e condições de parto. Como desfecho, considera-se a VO associada a práticas sem comprovações científicas em conformidade com a OMS. Resultados: Foram avaliadas 168 mulheres, destas 47(28%) relataram não saber o que é VO e 7(4,2%) consideram ter sofrido algum ato de violência durante o período de parto, enquanto que 161(95,8%) não consideram ter vivenciado atos de VO, durante a assistência. Quando estratificado por idade, não houve significância estatística entre os grupos avaliados. Conclusão: O conhecimento sobre a temática é fundamental para que as mulheres reconheçam que sofreram violência obstétrica. A difusão das informações deve ocorrer de forma mais precoce possível na vida das mulheres e de forma incisiva durante o pré-natal, para que as parturientes entendam seus direitos e possam perceber quando estão sendo abusadas, seja psicologicamente, moralmente ou por meio de intervenções desnecessárias no momento do parto, seja ele por meio do parto vaginal ou cesariano. |