Resumo |
Este trabalho busca refletir sobre as discursividades relacionadas aos sujeitos nordestinos veiculadas nas redes sociais, entre os anos de 2018 e 2022, a partir de fontes secundárias e públicas, extraídas de redes sociais – Instagram e Twitter. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter documental. As análises se pautaram nos instrumentais da Análise do Discurso, buscando compreender as construções ideológicas e políticas dos textos, na conjuntura das eleições presidenciáveis, marcadas por uma forte polarização partidária – esquerda versus direta. O processo analítico envolveu reflexões sobre as múltiplas violências sofridas pelos nordestinos (verbais, físicas e culturais), no ambiente virtual, que foram intensificadas nesse contexto político, ampliando os estigmas já sofridos historicamente pelos nordestinos. Nas últimas eleições presidenciais, dos anos de 2018 e 2022, houve um aumento significativo de hostilidades direcionadas aos nordestinos nas redes sociais, que, por vezes, se estenderam para fora dela por meio de violências físicas. O forte discurso xenofóbico e de incitação ao ódio nos conteúdos veiculados nas redes sociais eram disfarçados de “liberdade de expressão”, mas que ferem os diretos e princípios fundamentais da dignidade humana, inferiorizando e menosprezando estes sujeitos, colocando-os a margem da sociedade. Outro aspecto importante identificado foi que, mesmo em meio a uma desumanização, esses sujeitos, no interior das lutas de classes, apresentaram resistências e ressignificaram suas representações nas redes, rebatendo e positivando as discursividades negativas direcionadas a eles. Os discursos direcionados aos nordestinos não envolvem apenas fatores geográficos, mas, sobretudo, aspectos culturais e simbólicos, fruto do antagonismo presente na lutas de classes (luta política e econômica), e de um imaginário irreal sobre a região e seus habitantes. Os discursos de ódio direcionados aos nordestinos, no Instagram e Twitter, se materializam em falas como: “Nordestino é uma desgraça”, “Nordestino podia tacar fogo”, são frutos de um contexto histórico e social que ganham novos contornos nas redes sociais, operando por meio de um funcionamento ideológico, fantasmagórico e opressor que desvaloriza a existência desses sujeitos, visando intimidá-los, impedir sua participação política e social e neutralizar suas resistências. |