Resumo |
O presente trabalho discorre sobre um fragmento da pesquisa de Mestrado em Educação, tendo como lócus de investigação o curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Viçosa. Este resumo discute as dificuldades encontradas por um grupo de licenciandos(as) da Química em relação ao conceito de avaliação e os possíveis entrelaçamentos deste conceito com a prática pedagógica do professor. Os dados foram produzidos na disciplina Estágio Supervisionado em Química III, utilizando para isso entrevista semiestruturada após a aprovação do Projeto no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (CEP-UFV). Foram entrevistados nove licenciandos(as) que relataram suas vivências com a avaliação durante a formação inicial. A análise dos dados se deu por meio da metodologia de Análise Textual Discursiva (ATD), proposta por Roque Moraes e Maria do Carmo Galiazzi, ambos professores de Química. A ATD propicia uma imersão nos textos a partir de um movimento recursivo, favorecendo uma ampliação dos horizontes compreensivos de um determinado fenômeno de pesquisa. Esta metodologia de análise utiliza os preceitos da filosofia e da fenomenologia, permitindo analisar um determinado fenômeno e como ele aparece para o pesquisador que assume a função de tradutor-intérprete das informações textuais postas em uma dada situação investigativa. Nesse sentido, a ATD permite a unitarização, a categorização e a criação de metatextos a partir dos dados transcritos das entrevistas realizadas. As unidades de significado (US) possibilitaram a criação de um metatexto final intitulado “Avaliação como abordagem integral de aprendizagem e progresso do estudante”, que reuniu diferentes acepções de avaliação ainda arraigados nas preconcepções dos(as) licenciandos(as). O metatexto gerado apontou para a necessidade de uma formação em avaliação que se mostrou ainda escassa nas Licenciaturas de domínios curriculares específicos, como é o caso da Química. Com base nos resultados das interpretações realizadas, termos como “avaliação como aferição de conhecimentos”, “verificação de conteúdos aprendidos”, “avaliação como imposição de sistemas educativos” e “aferição de competências” emergiram das US. Isso demonstra que há um forte apelo na formação inicial desse grupo para uma avaliação que ainda é memorística, classificatória e que busca provar o que está decorado. Essa avaliação, com base nas entrevistas realizadas, repercute na vida profissional dos futuros professores que perpetuam práticas pedagógicas semelhantes às que receberam no curso de Licenciatura. Assim, é indispensável uma ruptura de paradigmas acerca das concepções de avaliação e um trabalho pormenorizado com instrumentos avaliativos mais efetivos, humanos, filosóficos e que permitam resgastes ontológicos, de modo que as vivências avaliativas não sejam reduzidas a uma passagem apenas para depósito de informações a serem esquecidas e não utilizadas nas resoluções de situações que perpassam a vida destes indivíduos. |