Resumo |
O contexto de ensino e aprendizagem é atravessado por diferentes fatores sociais que refletem os aspectos culturais e políticos da sociedade. Um desses fatores está relacionado à estrutura do poder patriarcal que produz diferentes formas de opressões, tais como a violência contra a mulher que se dissemina em diferentes espaços, sociais, inclusive no escolar. No cenário nacional, houve um aumento do número de trabalhos dentro da Linguística Aplicada sobre questões de gênero (BARCELOS e ARAÚJO SILVA, 2020). Entretanto, esses estudos ainda não tratam diretamente da violência contra a mulher no contexto de ensino. Assim, este trabalho teve por objetivo investigar a existência bem como tipos de violência contra mulheres no contexto escolar de professoras de línguas estrangeiras. O referencial teórico baseia-se em estudos da Linguística Aplicada Crítica (PENNYCOOK, 2002; MOITA LOPES, 2006, 2009; MOITA, LOPES e FABRICIO, 2019) em diálogo com os estudos de gênero, (LOURO, 1997; 2009; SAFFIOTI, 2001; TELLES e MELO, 2002; BANDEIRA 2014, 2017; ALMEIDA, 2020, entre outros). Esta é uma pesquisa qualitativa. O estudo maior Pompeia (2023) foi realizado em duas fases. Entretanto, para esta apresentação discuto resultados apenas da primeira fase, que contou com 13 professoras de língua estrangeira atuantes em escolas públicas em uma cidade do interior de Minas Gerais. O instrumento utilizado para a geração de dados desta fase foi um questionário semiaberto sobre violência de gênero. Os resultados evidenciam que há violência de gênero no contexto escolar dessas professoras, as quais ocorrem por meio de assédio sexual de modo verbal, não verbal e físico, bem como através de microviolências socialmente instituídas, como: piadas sexistas, mansplaining e manterrupting. As implicações deste estudo apontam para a necessidade de se investigar mais profundamente a cultura de violência contra a mulher no espaço escolar, além de incluir esse tema em cursos de formação de professores (de línguas) e em instituições de ensino. |