Resumo |
O projeto baseado na obra Mulheres da Bíblia de Abraham Kuyper tem como objetivo analisar e descrever a construção da argumentação criada pelo autor para narrar as histórias das mulheres da Bíblia, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. A obra é analisada através do discurso, tendo como base a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau e com contribuições de outros estudiosos da área. Seus processos discursivos são também analisados através do contexto sócio-histórico dos séculos XIX e XXI. Kuyper traz 72 narrativas onde fala, separadamente, sobre cada mulher da Bíblia em forma de argumentação. A obra é composta por uma coletânea de textos do autor, extraídos de seus livros ao longo dos anos. Escritos no século XIX, seus textos assumem um caráter de julgamento sobre as mulheres da Bíblia, o que levanta um questionamento sobre a contemporaneidade da obra. O conjunto da obra é chamado de biografia pela editora Penkal, responsável por sua publicação e pela Livraria Famílias Cristã, que é responsável por sua distribuição. Entretanto, nota-se a ausência de características do gêneros biografia na obra, assumindo uma narrativa forrada de opiniões, julgamentos e críticas feitas pelo autor (e tradutor). A obra apresenta o modo argumentativo, tendo o modo delocutivo como foco, caracterizando-se pelo uso da 1ª pessoa do plural e do uso de expressões como “evidencialmente”, “sem dúvidas” e “podemos supor”. Fazendo uso de citações da Bíblia, a narrativa é feita fazendo uso da Visada de Demonstração, onde o autor assume a posição de autoridade, neste caso, de pastor, religioso e estudioso do século XIX, na qual ele assume que também faz parte ao narrar fazendo uso do nós majestático e do discurso indireto livre. A obra também conta com perguntas ao final de cada capítulo para estimular e orientar a discussão sobre o tema abordado, indicando a identidade social que cada mulher da Bíblia assume perante a sociedade. O título do projeto justifica-se pela ideia final de que todas as mulheres de Bíblia são, de alguma forma, culpadas. Assim, cria-se o estigma de Eva. E até mesmo Maria, mãe de Jesus, é considerada pecadora diante da análise da obra. |