Resumo |
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, o que acarreta em um grande volume de resíduos gerados durante o seu beneficiamento e após processamento, incluindo cascas, grãos verdes, grãos boia etc. Dessa forma, os estudos científicos têm buscado alternativas para o aproveitamento sustentável desses materiais. Entre as diversas aplicações, a obtenção de componentes bioativos tem se destacado. No café, já existem trabalhos demostrando a importância dos compostos fenólicos que, além de serem relatados como contribuintes do sabor e aroma característicos da bebida, são conhecidos também em razão das propriedades fisiológicas e farmacológicas que conferem à saúde humana, como a atividade antioxidante. O objetivo desse trabalho foi verificar o potencial antioxidante de extratos de frutos de café (Coffea arabica) verde que poderão ser aplicados na indústria alimentícia e outras. A partir de um extrato etanólico seco do café verde obtido por percolação, seguido por total evaporação do solvente extrator, foi realizado o fracionamento biomonitorado por solventes imiscíveis com solventes de diferentes polaridades. Foram utilizados três solventes: hexano; acetato de etila e n-butanol. Ao final do fracionamento, as frações foram submetidas à secagem empregando evaporador rotatório e posterior liofilização. A atividade antioxidante foi determinada pelo ensaio da captura do radical livre 2,2- difenil-1-picrilhidrazila (DPPH). Não foi identificada atividade antioxidante para a fração hexânica. O extrato etanólico (bruto) e as frações acetatoetílica e n-butanólica apresentaram atividade antioxidante. Amostras do extrato e frações bioativas foram submetidas a análise de identificação da composição química pela técnica de cromatografia líquida acoplada à espectroscopia de massas (LC-ESI-QTOF-MS/MS). Para o extrato e as frações bioativas observou-se a predominância de derivados de ácido clorogênico (3 ácidos cafeoilquínicos, 1 ácido coumaroilquínico, 1 ácido feruloilquínico e 2 dicafeoilquínicos). Ácidos clorogênicos têm sido relatados em Coffee arabica sendo a estes compostos atribuído marcante efeito antioxidante. Além dos ácidos clorogênicos, foram identificados a cafeína e sucrose. A extração com etanol mostrou-se apropriada para a obtenção de compostos antioxidantes dos frutos, podendo ser usado em produção de maior escala para aplicação em indústria alimentícia ou farmacêutica. Sendo assim, concluímos que os frutos de café verde possuem potencial para ser utilizado como fonte de compostos antioxidantes. O aproveitamento desse extrato antioxidante pode agregar valor à cultura cafeeira. |