Resumo |
A Anaplasmose bovina é causada por uma bactéria Gram negativa pertencente à ordem Rickettsiales, família Anaplasmataceae, cuja principal espécie relacionada é a Anaplasma marginale. Os carrapatos da espécie Rhipicephalus microplus são os principais vetores biológicos, entretanto, moscas, mosquitos e objetos perfurocortantes, como agulhas, também são fontes de infecção. Os bezerros neonatos possuem o sistema imune ainda em fase de desenvolvimento, o que resulta em dependência da resposta imune inata, que é transmitida por meio da ingestão em quantidade e qualidade do colostro. A imunidade adaptativa se desenvolve com o amadurecimento do sistema imunológico, portanto, bezerros a partir de 4 a 5 semanas de idade apresentam mais propensão à manifestações de doenças, pois há a redução na concentração das imunoglobulinas séricas adquirida pelo colostro. Neste trabalho, objetivou-se apresentar um caso de anaplasmose em uma bezerra de três meses de idade, da raça holandês, do Campo Experimental José Henrique Bruschi da Embrapa Gado de Leite, situado em Coronel Pacheco, no estado de Minas Gerais. Foi feita a colostragem artificial da bezerra com colostro em pó: uma dose de colostro imediatamente após o nascimento e uma segunda dose de colostro oito horas após o nascimento. Posteriormente, a bezerra foi alocada em um grupo experimental em galpão telado e livre de artrópodes. Os sinais clínicos apresentados pela bezerra foram apatia, letargia, diminuição do apetite, perda de peso, febre, mucosas hipocoradas, e aumento das frequências cardíaca e respiratória. Foi realizado o exame de hematócrito em tubo capilar, o qual estava abaixo do valor de referência. O esfregaço sanguíneo periférico foi confeccionado a partir de amostra de sangue coletada da ponta da cauda, corado com panótico rápido e visualizado em microscópio óptico. Foi observada a presença de inclusões intraeritrocitárias compatíveis com Anaplasma marginale. Após o diagnóstico clínico e laboratorial, foi instituída a terapia medicamentosa, utilizando Cloridrato de Oxitetraciclina na dose de 20 mg/Kg e Diaceturato de diminazeno na dose de 3,5 mg/Kg, ambas administradas por via intramuscular a cada 48 horas, totalizando três aplicações (dias 0, 2 e 4). Após o término do tratamento foi realizado outro esfregaço sanguíneo periférico, no qual foi observada a redução significativa da parasitemia. Também houve uma melhora dos sinais clínicos, como normocoloração das mucosas, aumento de apetite, normalização dos parâmetros cardíacos, respiratórios e temperatura. Quinze dias após o tratamento, foi feito um terceiro esfregaço sanguíneo periférico, que demonstrou uma nova redução significativa da carga parasitária, no qual foram observados menos de 10% de eritócitos parasitados. Com isso, evidencia-se a importância de avaliar e controlar os possíveis fatores de risco associados à transmissão da anaplasmose mesmo em condições controladas com baixa exposição aos principais vetores de A. marginale. |