Resumo |
Este trabalho tem por objetivo apresentar as atividades e experiências vivenciadas ao longo da monitoria inclusiva no ensino remoto, na qual foram propostas ações inclusivas para melhorar a acessibilidade pedagógica de um estudante com deficiência intelectual, por meio da incorporação de metodologias de ensino diferenciadas e material didático complementar. Se justifica devido à falta de material na literatura sobre metodologias adequadas ao ensino de estudantes com deficiência intelectual. Sabe-se das dificuldades desses estudantes quanto à adaptação ao ensino remoto, por apresentarem um nível severo de comprometimento cognitivo e/ou comunicação, sendo recomendável que alguns conteúdos sejam adequados ao seu nível cognitivo, realidade social e um determinado nível de desafio. O trabalho faz parte do Programa de Monitoria Inclusiva, criado e implementado pela Unidade Interdisciplinar de Políticas Inclusivas - UPI da UFV, durante o período de atividades remotas, em função da pandemia da Covid-19. Neste programa, o monitor inclusivo realiza o acompanhamento individualizado a estudantes com vários tipos de deficiência. Durante dois semestres letivos, 2020/1 e 2020/2, foram realizados encontros online semanais, em dias/horários fixos, para mediação do conteúdo e contato mais próximo, reuniões entre monitor, professor da disciplina cursada pelo aluno e coordenador de curso para identificar as dificuldades do discente, adequações curriculares, instrumentos avaliativos diversificados e elaboração de material didático complementar utilizando tutoriais em formato de vídeos curtos. Os avanços e habilidades desenvolvidas pelo estudante evidenciam que tais flexibilizações, juntamente, com o apoio e parceria dos professores, que foram totalmente solícitos em incorporar novas possibilidades pedagógicas, contribuíram não apenas para a aprovação do estudante nas disciplinas cursadas, mas para seu progresso no percurso acadêmico. Destaca-se a melhora na execução e gestão do tempo das atividades avaliativas, igualmente, sua autonomia, comunicação e proatividade para acessar aulas síncronas e interagir com a turma, enviar e-mails aos professores, facilidade em manusear plataformas virtuais (PVANet, Google Meet, Classroom e outros), além do entendimento de comandos do LibreOffice Writer e Calc. Conclui-se que a monitoria inclusiva, seja no ensino remoto ou presencial, é capaz de promover a quebra da subestimação da pessoa com deficiência intelectual, pois ela se torna um elemento ativo no processo, de forma que as estratégias estabelecidas para a inclusão e acessibilidade são resultado da experimentação, da prática e da interação entre todos os envolvidos no processo educacional. Contudo, ressalta-se que além das especificidades próprias da deficiência do estudante, o contexto do ensino remoto, por vezes, dificulta o trabalho, o que faz com que os resultados sejam muito mais lentos do que se o estudante fosse acompanhado presencialmente pelo monitor. |