Resumo |
O presente trabalho caracteriza-se como um relato de experiência produzido no núcleo de Língua Portuguesa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, em Viçosa, MG. Tendo o PIBID como propósito a inserção de licenciandos nas práticas institucionais pedagógicas e no cotidiano das escolas públicas, esse estudo tem como objetivo abordar as experiências de diversas ações que integram o fazer docente, trazendo contribuições de processos colaborativos realizados por professores em formação. Desse modo, recorremos a um estudo de caso qualitativo-interpretativista, por meio da elaboração coletiva de questionários, nos quais buscamos traçar os perfis dos alunos de duas turmas do segundo ano do Ensino Médio de uma escola estadual de Viçosa/MG, nos atentando às especificidades e necessidades de cada um deles. A escolha desse método ocorreu devido às mudanças no fazer educacional decorrentes da pandemia do coronavírus (COVID-19), que fez com que a atuação ficasse limitada ao ambiente virtual. Tal restrição impossibilitou uma troca mais incisiva entre pibidianos e a equipe escolar, uma vez que o contato passou a ocorrer por meio de aparelhos digitais, e não mais presencialmente. Nesse sentido, ao nos depararmos com os desafios da modalidade de ensino online, surgiu, por parte da equipe, a necessidade de estreitar laços com os alunos, de maneira a adequar nossa atuação à realidade deles. Assim, ao elaborarmos o questionário, nos atentamos a perguntas com enfoque nas experiências que os alunos vivenciaram, até aquele momento, com o ensino remoto. Ademais, perguntamos também sobre: (i) os aparatos tecnológicos que eles dispunham para o acesso às aulas; (ii) acesso à conexão Wi-Fi e dados móveis; (iii) os seus interesses pessoais e (iv) estado emocional. A respeito da aplicação, observamos que houve baixa adesão por parte dos alunos, o que atribuímos à falta de acesso à internet e aos aparelhos eletrônicos necessários, visto que apenas 23%, aproximadamente, dos estudantes responderam. Com os resultados, percebemos que, apesar da escola ser um ambiente democrático, a falta desse espaço físico tem grande impacto na produtividade, aprendizado e emocional dos alunos, pois está explícita a desigualdade socioeconômica brasileira. Segundo Oliveira e Gomes e Barcelos (2020, p. 566), “eventos como a pandemia desnudam a fonte e a origem das desigualdades”, reflexão que traz à tona as carências dos alunos e também dos investimentos feitos nos setores da Educação Pública, dado que a escola não parece ter como proporcionar o suporte necessário para que o ensino chegue a todos de forma igualitária. De mais a mais, acreditamos que essa atividade junto à escola nos proporcionou uma rica experiência com o fazer docente, posto que, para além da aproximação com os alunos, pudemos conhecer um pouco mais da realidade do ensino público brasileiro, tornando a nossa atuação mais palpável ao contexto em que estamos inseridos. |