Resumo |
As emoções referem-se aos estados físicos e psíquicos desencadeados por um determinado estímulo, uma pessoa, um objeto, um evento (OLIVEIRA, 2016; ENGELMAN; GONÇALVES, 2016). A Comunicação Não-Violenta (CNV) busca a educação emocional e a expressão consciente e clara das emoções, a partir dos sentimentos e necessidades envolvidos em determinada situação (ROSENBERG, 2006). A partir da contextualização sobre as emoções e a CNV, considera-se importante refletir sobre como lidar com as emoções nas organizações, articulando-as com outras práticas organizacionais. Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo relacionar as vivências emocionais com as práticas cotidianas organizacionais na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), a partir da utilização da CNV. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, pelo estudo de caso da CMBH. Os dados foram coletados através de 16 entrevistas semiestruturadas com sujeitos que trabalham na CMBH por no mínimo três anos, sendo que apenas 50% tinha tido contato sistemático com a CNV. As entrevistas foram transcritas e analisadas por análise de conteúdo. A pesquisa está em andamento e, nesta etapa preliminar, as categorias temáticas definidas a posteriori foram: relações interpessoais no trabalho, comunicação, atividades desafiadoras, atividades prazerosas, sentimentos e emoções no trabalho e trabalho remoto. Como resultados tem-se que predominam as emoções positivas nas relações interpessoais, com boa comunicação e liberdade para resolver problemas. A comunicação foi apontada como essencial para manter a ordem e o alinhamento nos setores, bem como trazer mais intimidade para a equipe de trabalho. Quanto aos desafios no trabalho predominou o desejo de melhorias e mudanças nos setores. As atividades vinculadas as ações de realizar, resolver e ajudar são as que trazem mais prazer e satisfação. No que se refere aos sentimentos presentes no trabalho, se por um lado, tem-se ansiedade e frustração; por outro, otimismo, motivação, felicidade e prazer. Quanto ao trabalho remoto, parte do grupo se sentiu feliz e parte muito cansada. Conclui-se que as vivências emocionais interferem e estão presentes em todas as práticas organizacionais, mesmo que os sujeitos tentem negá-las. Tais vivências aparecem implícitas no rendimento, no relacionamento com a equipe, na sua frustração ou motivação em realizar determinado projeto ou outra atividade de trabalho. Ao finalizar esta pesquisa, pretende-se contribuir para ampliar o debate das emoções na Administração e nos Estudos Organizacionais a partir do viés relacional e construtivista, entendendo-as como produtos e produtoras da realidade nas organizações. |