Resumo |
Introdução: A melatonina é um hormônio sintetizado a partir do triptofano na glândula pineal, sua produção está associada com a qualidade do sono enquanto sua deficiência predispõe a doenças metabólicas como a obesidade. Objetivo: Avaliar o consumo alimentar de melatonina e sua associação com a qualidade do sono, de acordo com o fenótipo metabólico de mulheres com excesso de peso. Metodologia: Nesse estudo transversal, com dados basais de um projeto de intervenção nutricional, participaram 40 mulheres (31,08 ± 8,39 anos; IMC 34,19 ± 4,99 kg/m2). Essas foram classificadas em relação ao fenótipo metabólico (metabolicamente saudável ou com risco cardiovascular), dados antropométricos, de composição corporal e bioquímicos também foram coletados. O consumo alimentar das participantes foi avaliado por meio de três registros de 24h, que foram compilados no software REC24h-ERICA. O método Multiple Source Method (MSM) foi usado para estimar o consumo de calorias, macronutrientes, micronutrientes e melatonina. Para tal, foi utilizada uma tabela de composição do IBGE (2011) e uma tabela de concentração de melatonina em alimentos, preparações e bebidas consumidas, elaborada pela equipe, mediante revisão bibliográfica. Os questionários: AUTOMEQ: Morning-Eveningness Questionnarie; PITTSBURGH: Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh e EPWORTH: Escala de sonolência, avaliaram cronotipo, qualidade de sono e sonolência, respectivamente. O teste t de Student, teste Mann–Whitney e teste de Kruskal-Wallis foram utilizados para avaliar a diferença entre os dados. O teste do qui-quadrado e a correlação de Spearman foram utilizadas para verificar associação entre as variáveis. Adotou-se nível de significância menor que 0,05. Resultados: A mediana de melatonina consumida pelas participantes foi de 304,93 (331,01 – 654,94) µg/dia. O milho se destacou com maior concentração de melatonina (216,42 µg/g). As participantes em risco cardiometabólico apresentaram maiores valores de idade, pressão arterial sistólica e diastólica, glicose e triglicerídeos, bem como maior escore de AUTOMEQ (apresentam um cronotipo matutino) e um maior consumo de melatonina (acima da mediana 305,44 µg/g), em relação àquelas metabolicamente saudáveis. Ainda, o escore AUTOMEQ e a presença de risco cardiometabólico se correlacionaram positivamente (r: 0,38; p: 0,02), indicando uma tendência do cronotipo matutino apresentar risco cardiometabólico. O escore de EPWORTH se correlacionou positivamente com triglicerídeos séricos (r: 0,35; p: 0,03), indicando uma relação entre maior sonolência com triglicerídeos aumentados. Conclusão: As mulheres em risco cardiometabólico apresentaram maior consumo de melatonina e perfil matutino, mas não encontramos relação entre o consumo de melatonina com o cronotipo, a qualidade de sono e a sonolência. Mais estudos são necessários a fim de compreender essa relação, bem como identificar os fatores mediadores e de confusão. Apoio: Fapemig, CNPq e CAPES. |