Resumo |
Introdução: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), são a principal causa de mortalidade no mundo, e corresponde a 71% das mortes globais. Dentre elas, destaca-se o Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial (HA), como causas diretas ou indiretas do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e doença renal crônica, gerando impactos sanitários, sociais e econômicos substanciais aos indivíduos, famílias, sociedade e sistemas de saúde. O Pré-diabetes e o DM não diagnosticado são condições silenciosas e prevalentes na população geral e concomitante a HA, contribui para o desenvolvimento de complicações, mortes prematuras e elevados custos de saúde. No Brasil, um em cada nove indivíduos tem DM, sendo que 46% não tem o diagnóstico. Por serem condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde (APS), identificar os indivíduos de alto risco, fazer um diagnóstico precoce e iniciar o tratamento em tempo oportuno é a resposta mais adequada que a APS pode dar a esta epidemia global evitando-se assim as complicações e mortes prematuras. Objetivo: Determinar a prevalência de pré-diabetes e DM não diagnosticado e os fatores associados entre indivíduos com diagnóstico de HA. Material e Métodos: Estudo transversal, realizado no período de 2017 a 2018, com 478 indivíduos com idade ≥ 18 anos com diagnóstico de HA, e sem diagnóstico de DM, cadastrados na APS de Viçosa- MG. Foram coletados dados sociodemográficos, de hábitos e estilo de vida, antropométricos, exames bioquímicos e aferição da pressão arterial. Pré-diabetes e DM foram diagnosticados pela hemoglobina glicada (HbA1c) e glicemia plasmática de jejum (GPJ). O ajuste foi realizado com regressão logística multivariável. Foram estimadas as prevalências de pré diabetes, DM prévio e DM não diagnosticado. Resultados: 58,6% dos indivíduos apresentaram alteração no metabolismo da glicose, destes 47,5% tinham de pré-diabetes e 11,1% DM não diagnosticados, ou seja, tinham a doença e desconheciam esta condição. Os fatores associados a alteração da glicose entre os hipertensos foram relação cintura/estatura (RCE) de risco (> 0,5), idade avançada, triglicerídeos e índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 Kg/m2. Na análise multivariada permaneceram associados à glicose alterada, a idade, triglicerídeos e IMC elevados. As faixas etárias ≥ 63 anos apresentaram maior chance de ter glicose alterada comparada a ≤ 53 anos. O aumento de 1 mg/dl de triglicerídeos e 1 Kg/m2 do IMC aumentaram a chance de apresentar glicose alterada em 0,4% e 2% respectivamente. Conclusão: Encontrou-se uma alta prevalência pré-diabetes e diabetes DM não diagnosticado entre os indivíduos com HA. Esses indivíduos podem se beneficiar de intervenções destinadas a impedir o desenvolvimento e, ou progressão da DRC e do DM, destacando-se o papel estratégico da APS no rastreamento e monitoramento da HA, com diagnóstico e tratamento em tempo oportuno. |