Resumo |
Introdução: Alguns alimentos são capazes de induzir lipemia pós-prandial, a qual pode promover ativação endotelial favorecendo o desenvolvimento da aterosclerose, considerada o evento inicial na gênese das doenças cardiovasculares. Atualmente, o consumo de frutos secos é amplamente incentivado devida alegação de efeito cardioprotetor. Contudo, até o momento, o efeito agudo do consumo das amêndoas de castanhas tipicamente brasileiras, castanha de caju (Anacardium occidentale L.) e castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.), sobre a resposta vascular é pouco compreendido. Objetivo: Avaliar o efeito agudo do consumo de uma bebida contendo castanhas brasileiras sobre a lipemia pós-prandial. Metodologia: Tratou-se de um ensaio clínico randomizado controlado agudo conduzido em mulheres com excesso de peso. Foram coletadas informações antropométricas como peso, altura, composição corporal, perímetros da cintura e quadril para caracterização das voluntárias. Marcadores de perfil lipídico (CT, LDL, HDL, TG, VLDL, colesterol não HDL e TG/HDL) foram coletados em jejum e quatro horas após o consumo das bebidas. Todas as variáveis foram apresentadas como média ± erro padrão da média. Inicialmente, a normalidade das variáveis foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. Em seguida, os testes de comparação de médias, teste t pareado ou o teste de Wilcoxon, bem como os testes t de amostras independentes ou teste U de Mann-Whitney foram conduzidos de acordo com a normalidade das variáveis. Todas análises estatísticas foram realizadas no software do SPSS (versão 23.0, USA), adotando-se α=5% como nível de significância. Resultados: Participaram do estudo 40 mulheres com idade média de 30,9 ± 1,3 anos e IMC médio de 33,8 ± 0,7 kg/m². Em jejum, os marcadores antropométricos e de perfil lipídico não diferiram entre os grupos. Quatro horas após a ingestão das bebidas, todos marcadores lipídicos analisados apresentaram similaridade entre os grupos de intervenção (p>0,05). Embora não significativa, a média de redução do LDL observada no grupo castanhas (-20,3 ± 4,8) foi 67,8% maior que a verificada no grupo controle (-12,1 ± 2,9) e para o colesterol total houve uma redução 44% maior no grupo castanhas (-22,6 ± 3,9) em relação ao grupo controle (-15,7 ± 5,0). Ainda, foi possível observar que no grupo castanhas não houve aumento significativo nos TG, VLDL e TG/HDL, contrário ao observado no grupo controle. Conclusão: Embora sem significância estatística, as voluntárias que consumiram castanhas apresentaram benefícios clínicos relevantes, uma vez que apresentaram melhor comportamento das partículas aterogênicas, o que pode estar associado à redução do risco cardiovascular. |