Resumo |
A isoflavona é um fitoestrógeno encontrado em diferentes tipos de alimentos que podem atuar como desreguladores endócrinos, levando à disfunção testicular. Atualmente, dados fragmentados sobre a ação desse composto nos testículos dificultam avaliar seus efeitos para que uma dose segura seja definida. Dada tal fragmentação dos resultados disponíveis, realizar uma pesquisa secundária, que utiliza a literatura como fonte de dados sobre um determinado tema é de grande relevância para a comunidade científica. Assim, o objetivo deste trabalho foi revisar sistematicamente as evidências pré-clínicas do impacto da isoflavona na função testicular. Também foi determinado qual forma (agliconas ou glicosiladas) foi mais utilizada, o que nos permitiu entender os principais processos biológicos envolvidos na função testicular após exposição à isoflavona. Esta revisão sistemática foi realizada de acordo com as diretrizes do PRISMA, utilizando uma busca estruturada nas bases de dados biomédicos MEDLINE (PubMed), Scopus e Web of Science, recuperando e analisando 22 estudos originais. A análise de viés e a qualidade dos estudos foram avaliadas pelos critérios descritos na ferramenta de risco de viés desenvolvida pelo SYRCLE (Centro de Revisão Sistemática para Experimentação com Animais de Laboratório). As isoflavonas agliconas e glicosiladas mostraram-se prejudiciais à saúde reprodutiva, e as glicosiladas nas doses de 50, 100, 146, 200, 300, 500 e 600 mg / kg, além de 190 e 1000 mg / L, mostraram-se ainda mais prejudiciais. As principais patologias testiculares decorrentes do uso de isoflavonas estão associadas às células de Leydig, decorrentes de alterações nas funções moleculares e componentes celulares. A isoflavona mais utilizada para avaliar as alterações testiculares foi a genisteína / daidzeína conjugadas. O consumo de altas doses de isoflavonas promove alterações no funcionamento das células de Leydig, induzindo alterações testiculares e levando à infertilidade em modelos murinos. |