Resumo |
A presente pesquisa tem como foco principal a análise do discurso humorístico presente nas piadas dos Almanaques Farmacêuticos, elucidando as estratégias discursivas nelas presentes, e também como as personagens masculinas são ali representadas. Serão feitos apontamentos sobre o discurso político-pedagógico, característico desses periódicos, e como este se articula com vários gêneros textuais suportados por eles. Essa percepção se torna mais evidente a partir de um estudo mais minucioso de um gênero em específico nesses almanaques: as piadas. Uma análise desses textos, carregados de um discurso humorístico que, a partir de um enlace com o discurso político-pedagógico presente nos Almanaques Farmacêuticos (doravante, AFs), envolvendo uma gama de mecanismos linguísticos e estratégias discursivas, apontam para a existência de uma linha argumentativa na (re)construção de imaginários e representações sociodiscursivas sobre o homem brasileiro no século XX. Com efeito, o percurso que será percorrido durante essa análise parte na busca do reconhecimento dos múltiplos sujeitos que compõem a enunciação das piadas, da descrição dos contratos de comunicação estabelecidos, de indagações sobre as condições e as circunstâncias que determinam a produção dos discursos nas piadas de AFs, da verificação das relações interdiscursivas estabelecidas dentro das piadas até a exposição das representações sociodiscursivas referentes aos homens nesses almanaques, examinando a evolução dessas no decorrer do século XX. É tomado como base o aparato teórico-metodológico fornecido pela Teoria da Semiolinguística e levantamentos feitos por Patrick Charaudeau relacionados à análise do discurso humorístico (doravante, DH). Seguindo essa linha de raciocínio, nossa investigação tem o potencial de desvelar, além do alinhamento entre o DH e o discurso político-pedagógico, como este primeiro pode ainda mascarar, através do “risível”, outros discursos com outros propósitos, fundamentados em ideais higienistas (tentativa de se aplicar os avanços da bacteriologia e microbiologia desenvolvidas no final do século XIX às políticas de reestruturação das cidades) e eugenistas (intervenção do Estado, por meio de políticas de saúde baseadas em conhecimentos vindos da genética e do darwinismo, na “regeneração” dos cidadãos de modo a se obter uma raça melhor). |