Resumo |
Introdução: Nas últimas décadas é evidente o aumento da obesidade infantil no Brasil e no mundo, que é potencializado por mudanças nos hábitos e estilo de vida, incluindo o uso demasiado de tecnologias, que contribuem para um decréscimo nos níveis de atividade física (AF) e competência motora (CM) observada na população pediátrica. Contudo, poucos estudos científicos analisam os impactos da composição corporal nos níveis de AF e CM em crianças; fator que limita o planejamento e desenvolvimento de estratégias que visem incrementos dos níveis da AF e CM, visando a redução dos riscos à saúde nesta população. Objetivo: Investigar os níveis de CM e AF de escolares, na faixa etária de 6 aos 10 anos, em condições de sobrepeso e obesidade. Metodologia: Foram avaliados 81 sujeitos de ambos os sexos, com idade entre 6 e 10 anos, em condição de sobrepeso e obesidade (identificados a partir dos valores de IMC), dos quais foram obtidas informações acerca da atividade física (pedômetros), da composição corporal baseados na relação cintura-estatura (RCE) e percentual de gordura corporal (% GC) e da competência motora (TGMD-2). As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 22, com base no teste t e de U de Mann-Whitney com nível de significância de 5%. Resultados: Em média as crianças atingiram 72,81 (± 9,84) pontos de escore total no TGMD-2, tendo as meninas alcançado melhores valores (mediana=76) em relação aos meninos (mediana=70), p=0,01. Quanto a classificação da CM, 96,3% dos indivíduos foram classificados com “níveis médios” para esta variável, e apenas 3,7% foi classificado como “abaixo da média”. Quanto ao nível de AF, as crianças obtiveram valores médios de 7969,43 (± 4276,50) passos/dia. Não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos (p=0,77). Acrescenta-se que, 86,4% das crianças não atingiram o número diário de passos recomendados. Em relação à composição corporal, para RCE, 49,4% das crianças apresentaram risco para desenvolvimento de obesidade central (RCE>0,50). No que se refere, ao percentual de gordura, a maioria dos sujeitos da amostra se enquadraram nos grupos categorizados como “muito alto” (48,1%) e “alto” (32,2%), reforçando o preconizado na literatura. Conclusão: Os resultados indicaram uma predisposição das crianças com sobrepeso/obesidade, ao risco de obesidade central e elevado percentual de gordura, para além de baixos níveis de AF e CM. Diante dos achados, ressalta-se a importância da incrementação dos níveis de atividade física e competência motora de forma a permitir que crianças em condições de sobrepeso/obesidade, possam ser inseridas em atividades cotidianas levando as mesmas a desenvolverem suas capacidades motoras, sociais e físicas, para além de possibilitar uma alteração positiva no estado nutricional dessas crianças. |