Resumo |
Introdução: A depleção de força muscular pode ocorrer em detrimento da redução da ingestão alimentar e da atividade física, e por alterações metabólicas causadas pelo câncer ou pelo tratamento quimio/radioterápico, e assim como a presença de desnutrição contribui para a toxicidade ao tratamento, pior qualidade de vida e mortalidade. Objetivo: avaliar o estado inflamatório e nutricional, assim como a presença de fraqueza muscular em idosos submetidos a quimioterapia e radioterapia. Metodologia: foram incluídos no estudo idosos de ambos os sexos internados em dois hospitais (um público e um provado) da cidade de Belo Horizonte (MG) para tratamento quimioterápico e/ou radioterápico. O estado nutricional foi avaliado por meio da Mini Avaliação Nutricional (MAN), uma ferramenta desenvolvida e validada para a população idosa, e a resposta inflamatória foi avaliada através do Escore Prognóstico de Glasgow modificado (EPGm). A força muscular foi medida com auxílio de um dinamômetro digital (marca Camry), e classificada de acordo com os pontos de corte propostos pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP). Essas informações, assim como dados clínicos e sociodemográficos, foram retiradas de prontuários físicos e eletrônicos. O projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos das Universidades Federais de Minas Gerais (número 2.466.173) e Viçosa (número 2.760.901). Testes de qui-quadrado foram realizados no software SPSS versão 20.0. Resultados: foram avaliados 58 indivíduos, sendo 53,4% (n=31) do sexo feminino. As principais doenças de base apresentadas pelos idosos foram as hematológicas (55,2%), seguida pelos cânceres do trato gastrointestinal (20,7%) e de outros órgãos (24,1%). Com relação ao tratamento, 84,5% (n=49) realizaram quimioterapia, 1,7% (n=1) realizaram radioterapia e os demais foram submetidos a combinações desses tratamentos. A maioria dos idosos (77,6%) apresentavam risco de desnutrição de acordo com a MAN, e apenas 13,8% (n=8) apresentavam estado nutricional normal. A inflamação sistêmica esteve presente em 81,1% (n=47) dos indivíduos, e a depleção de força muscular em 70,7% (n=41). Não houve associação significativa entre a presença de desnutrição ou risco de desenvolvimento da mesma com depleção de força muscular (p=0,325) e presença de inflamação (p=0,326), assim como entre essas 2 últimas variáveis (p=0,715). Conclusões: idosos submetidos a quimioterapia e radioterapia podem apresentar depleção de força muscular independente do estado nutricional e processo inflamatório, sendo importante realizar uma avaliação e monitoramento do estado nutricional com a adoção de condutas que previnam esse desfecho. |