Resumo |
No manejo das florestas naturais, a taxa de exploração anual poucas vezes está associada aos dados sobre a estrutura da floresta e o ritmo de crescimento das espécies, sendo usados na maioria dos casos volumes (30 m3 ha-1 para o Planos de Manejo Florestal Sustentável Pleno com ciclo de corte inicial de 35 anos) estabelecidos pela lei (Instrução Normativa MMA nº 5/2006). Neste sentido, a distribuição diamétrica é uma das ferramentas mais eficientes para compreender os processos que envolvem as comunidades arbóreas, favorecendo a continuidade dos recursos e permitindo projeções para diferentes regimes de manejo. Para obter estes subsídios e análise dos dados, o cálculo do tempo de passagem das espécies é de suma importância, por informar o tempo que uma espécie leva para passar de uma classe diamétrica para a outra. Assim, o objetivo do trabalho foi calcular o tempo de passagem de dez espécies de valor comercial da região da Amazônia brasileira, permitindo o planejamento de explorações futuras. A pesquisa foi desenvolvida nas seguintes áreas de floresta amazônica: área florestal da Embrapa Acre, Floresta Estadual do Antimary, Iracema II, e Projeto de Colonização Pedro Peixoto. A coleta de dados foi entre 1991 e 2018. Com os softwares Microsoft Excel e R, as dez espécies foram agrupadas em três grupos de acordo com seus incrementos por classe diamétrica ao longo dos anos. Através de cálculos estatísticos de regressão, o incremento por diâmetro foi estimado. O tempo de passagem foi calculado para cada grupo dentro das classes diamétricas, e analisado o conjunto. O grupo 1 contém apenas a Handroanthus serratifolius, com tempo de passagem máximo de 36 anos para a classe diamétrica 10-20 e mínimo de 9 anos para a classe 30-40. Para as classes de DAP superior à 40 o tempo de passagem foi negativo devido ao comportamento exponencial do incremento em diâmetro, não sendo possível observar o ponto de inflexão de um comportamento quadrático esperado, de modo que o tempo de passagem tende a diminuir à medida que se aumenta o diâmetro, resultando em valores negativos. O grupo 2, formado pelas espécies Amburana acreana, Couratari macrosperma, Ceiba pentandra, Hymenaea courbaril e Manilkara bidentata. Os tempos de passagem desse grupo foram: mínimo de 11 anos para a classe diamétrica 30-40 e máximo de 47 anos para a classe 100-110. O grupo 3 é constituído pelas espécies Apuleia leiocarpa, Cedrela odorata, Dipteryx odorata e Schizolobium amazonicum, com os tempos de passagem: mínimo de 6 anos para a classe diamétrica 30-40 e máximo de 20 anos para a classe 90-100. Os resultados permitem que as decisões sobre a intervenção e extração das espécies sejam mais acuradas, considerando de fato o ritmo de crescimento dos grupos e diminuindo a arbitrariedade dos regimes de manejo. Constata-se, assim, que a análise do tempo de passagem dos grupamentos é importante para o manejo sustentável na Amazônia e auxilia o gestor florestal nas decisões de gerenciamento da floresta. |