Resumo |
Nas últimas décadas, a violência psicológica tem aumentado no ambiente de trabalho (Guimarães, Cançado e Lima, 2016). Esse tipo de violência está presente nos mais diversos ambientes laborais, incluindo a escola. Na Linguística Aplicada, pesquisas mostram que o ensino de línguas adicionais tem se tornado uma atividade cada vez mais estressante e, para muitos professores, muito menos prazerosa (Mercer, 2018), sendo marcado também pela recorrência de emoções negativas experienciadas em relação às políticas educacionais, administração da escola e alunos (Coelho, 2011; Barcelos & Aragão, 2018). Devido à natureza fortemente relacional do ensino de línguas, não é raro encontrar em contextos educacionais um clima psicológico adverso à saúde dos professores, caracterizado especialmente por situações violentas que fogem do seu fazer pedagógico cotidiano. Esta apresentação tem como finalidade trazer à baila as experiências de violência vivenciadas pelo professor no ambiente escolar. Para tanto, recorremos a dados gerados em entrevistas semiestruturadas conduzidas com duas professoras de inglês em serviço na rede pública de ensino, submetidos à análise qualitativa de acordo com a teoria fundamentada nos dados (Dörnyei, 2007). Os resultados mostram que as experiências emocionais das professoras de inglês na escola são por vezes marcadas por aspectos traumáticos advindos da relação violenta com a administração, colegas de trabalho e alunos. Tais relações afetam a maneira como as professoras se enxergam como profissionais e como elas se engajam com o fazer pedagógico, visto que são momentos marcados por estados emocionais opressores que fazem emergir emoções e sentimentos de desamparo, vergonha, fracasso e culpa. Nesse seguimento, conclui-se que as experiências de violência vivenciadas por professores na escola decorrem de comportamentos antiéticos, os quais desencadeiam danos à instituição por meio do baixo engajamento do professor com a escola, assim como prejuízos individuais. |