Resumo |
A Mata Atlântica vem sendo historicamente fragmentada, principalmente devido a atividades antrópicas relacionadas ao uso do solo. Apesar desta fragmentação, este bioma exerce inúmeros serviços ambientais, como estoque de carbono e manutenção térmica, além abrigar uma quantidade significativa de espécies endêmicas. Desta forma, é de suma importância entender como é a dinâmica desses fragmentos e como está ocorrendo a sucessão ecológica nesses locais. Assim, objetivou-se com o trabalho avaliar a dinâmica da estrutura vertical e horizontal de uma floresta estacional semidecidual nos anos de 1996 e 2018. O estudo foi realizado em um fragmento de 29 hectares, denominado “Mata da Garagem”, situado na Universidade Federal de Viçosa no município de Viçosa – MG. O inventário foi realizado em 10 parcelas (50m x 10m totalizando 0,5 ha amostrados) nos anos de 1996 e 2018, em que todos os indivíduos com diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 5 cm tiveram sua altura e circunferência a altura do peito (CAP) mensurados, bem como foram reconhecidos botanicamente e classificados ecologicamente. Calculou-se o Índice de Valor de Importância (VI) e a Posição Sociológica Relativa para o fragmento em 1996 e 2018. Foram amostrados 870 e 736 indivíduos em 1996 e 2018, respectivamente. Entretanto houve aumento na área basal total sendo 10,67 m²/ha ano em 1996 e 11,42 m²/ha ano em 2018, sugerindo também aumento no volume de madeira. A espécie de maior Valor de Importância (VI) em 1996 foi a secundária tardia (ST) Apuleia leiocarpa (9,76%) e isso se manteve em 2018 (10,78%). Em 1996, 394 pertenciam ao Estrato 1 (E1), 435 ao Estrato 2 (E2) e 41 ao Estrato 3 (E3). Já em 2018, 428, 283 e 25 pertencem aos Estratos E1, E2 e E3 respectivamente, revelando maior mortalidade em E2 e E3. A espécie de maior Posição Sociológica Relativa (PSR) em 1996 foi a secundária inicial (SI) Siparuna guianensis (31,00%), seguida pela Apuleia leiocarpa (16,83%) e as SI Myrcia fallax (13,63%), Matayba eleagnoides (6,06%) e Prunus myrtifolia (6,06%). Já em 2018 a ST Apuleia leiocarpa ocupou posição de maior PSR com 23,25%, seguida pelas SI Myrcia fallax (11,29%), Mabea fistulifera (9,41%), Siparuna guianensis (9,41%) e finalmente pela ST Giarcinia gardneriana (6,54%). Conclui-se sobre esse período de 22 anos que o aumento em temos de área basal e volume é reflexo da permanência de espécies pertencentes aos grupos ecológicos SI e ST no sistema, cuja capacidade máxima de em termos de altura e área basal é maior em relação ao grupo ecológico das pioneiras (PI). A permanência da ST Apuleia leiocarpa como a de maior VI e sua elevação ao posto de maior PSR, vinculada à ascensão da ST Giarcinia gardneriana para a quinta posição no mesmo índice, revela tendência ao avanço no estágio de sucessão do fragmento. |