“Inteligência Artificial: A Nova Fronteira da Ciência Brasileira”

19 a 24 de outubro de 2020

Trabalho 14464

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Ensino médio
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Filosofia
Setor Colégio de Aplicação - Coluni
Bolsa PIBIC Ensino Médio
Conclusão de bolsa Sim
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor João Paulo Carvalho Figueira
Orientador GERALDO ADRIANO EMERY PEREIRA
Outros membros BEATRIZ GOMES BATISTA, GABRIELE LOURES CONCEIÇÃO, MARIA EDUARDA DE JESUS CARVALHO
Título Verdade e política: considerações sobre a verdade dos fatos e o testemunho
Resumo O projeto de iniciação científica a ser apresentado é resultado de pesquisas e discussões desenvolvidas em torno de dois textos: "Verdade e política", capítulo integrante da obra "Entre o passado e o futuro", da filósofa alemã Hannah Arendt, e parte da obra "O que resta de Auschwitz", do filósofo italiano Giorgio Agamben. A pesquisa pautou-se, essencialmente, na leitura e discussão dos textos. As obras foram analisadas, de certa forma, de modo comparativo e complementar, ou seja, buscou-se, nos dois textos, pontos de divergência, convergência e complementaridade entre os pensamentos dos dois autores, com foco nos objetivos deste projeto de pesquisa, isto é, verdade fatual e testemunho. Hannah Arendt deixa claro que o tipo de verdade que está diretamente relacionado à política é a verdade dos fatos, isto é, a verdade fatual...Nesse sentido, uma vez que a verdade dos fatos relaciona-se sempre com pessoas, ou seja, existe na medida em que se fala sobre ela, entra em cena a figura do testemunho, que tem como função asseverar a verdade fatual. Giorgio Agamben, por sua vez, ao analisar o testemunho dos sobreviventes de Auschwitz, com destaque para o de Primo Levi, expõe, na prática, a luta verdade fatual versus política. Num primeiro momento, Arendt analisa a própria constituição da verdade fatual: os fatos sempre poderiam ter sido de outra forma, inclusive da forma como o mentiroso diz que eles são. Esse quadro é mais agravado ainda quando se pondera que as testemunhas, asseguradoras da verdade fatual, sempre são passíveis de falsificação, ou seja, o testemunho possui uma espécie de arbitrariedade universal. Desse modo, o poder político, quando ameaçado de alguma forma pelos fatos, pode se empenhar para tornar estes uma questão de opinião, colocando em risco, por conseguinte, a coercitividade inerente à verdade fatual e podendo provocar uma espécie de suspeição geral, isto é, apagando, de certa maneira, a linha divisória entre verdade e mentira. Agamben, por outro lado, retrata a chamada aporia de Auschwitz: no campo de concentração, sempre há algo que extrapola a expectativa fatual, o que provoca uma dificuldade de compreensão do fenômeno lá vivenciado. O autor expõe que os únicos que detêm a verdade dos fatos a respeito de Auschwitz são as testemunhas. Entretanto, os que experimentaram de forma radical a experiência do campo de concentração experimentaram também a morte e, portanto, surge uma “lacuna”, haja vista que não se tem acesso ao testemunho destes. Assim, quando se trata da experiência extrema de Auschwitz, a única fonte possível para o testemunho são os sobreviventes, que, pelo próprio fato de sobreviverem, não são testemunhas autênticas nessa situação. Logo, não há “constatação” em Auschwitz e o testemunho, nesse caso, adquire um novo estatuto, que no olhar de Primo Levi está para além da forma jurídica.
Palavras-chave verdade, testemunho, política
Forma de apresentação..... Painel
Link para apresentação Painel
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