Resumo |
Introdução: A obesidade é reconhecida como uma pandemia global que está associada a diversos prejuízos à saúde. Tem sido identificado um subgrupo de indivíduos obesos, denominados Metabolicamente Obesos de Peso Normal (MOPN), que apresentam um risco cardiometabólico elevado, enquanto mantêm um peso corporal dentro da faixa de normalidade. Este fenótipo pode ser frequentemente subdiagnosticado, sobretudo em adolescentes, devido ao peso corporal normal e a idade jovem. Nessa perspectiva, a identificação precoce do MOPN, bem como de parâmetros antropométricos e de composição corporal relacionados, se torna importante. Objetivo: Verificar se o fenótipo MOPN está associado às medidas antropométricas e de composição corporal indicativas de gordura central em adolescentes. Material e métodos: Trata-se de um estudo transversal realizado com 600 adolescentes de 10 a 19 anos, de ambos os sexos, selecionados por amostragem aleatória simples nas escolas públicas e privadas de Viçosa, MG. Houve aferição do peso, estatura, perímetros do pescoço e da cintura. Por meio dessas medidas, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) e a relação cintura/estatura (RCE). A densitometria óssea de dupla emissão (DEXA) foi utilizada para mensuração da gordura androide. A avaliação bioquímica incluiu o perfil lipídico (LDL, HDL e triglicerídeos) e glicídico (glicemia de jejum, insulinemia de jejum e HOMA-IR). Também houve aferição da pressão arterial. Os adolescentes eutróficos, segundo IMC para idade, que apresentaram pelo menos uma alteração nos parâmetros bioquímicos ou na pressão foram classificados como MOPN. A análise dos dados foi realizada utilizando o software SPSS, versão 20.0. Os perímetros da cintura e pescoço, RCE e gordura androide foram categorizadas em quartis e o teste qui-quadrado de tendência linear foi utilizado para as análises estatísticas. O nível de significância adotado foi de α=5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Of. Ref. N° 0140/2010 e Of. Ref. N° 674.045/2014). Resultados: A prevalência do MOPN foi maior nos quartis superiores do perímetro da cintura (Q4 [45,9%]; Q3 [32,4%]; Q2 [25,4%]; Q1 [22,9%]; p<0,001) e do pescoço (Q4 [41,0%]; Q3 [38,7%]; Q2 [27,5%]; Q1 [22,0%]; p=0,002), bem como da RCE (Q4 [42,3%]; Q3 [28,9%]; Q2 [31,3%]; Q1 [24,2%]; p=0,004) e gordura androide (Q4 [38,9%]; Q3 [29,9%]; Q2 [27,8%]; Q1 [19,7%]; p=0,001). Conclusão: O aumento das medidas antropométricas e de composição corporal indicativas de gordura central se associam com uma maior prevalência do fenótipo MOPN em adolescentes. |