Resumo |
Introdução: Com o rápido crescimento econômico e um ritmo acelerado de transição nutricional, as taxas crescentes de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) como a Doença Renal Crônica (DRC) e a Síndrome Metabólica (SM) assumiram, nos últimos anos, o status de problema de saúde pública em todo mundo devido ao seu impacto na morbimortalidade dos indivíduos acometidos. Nesse cenário, destaca-se a Hipertensão Arterial (HA) e o Diabetes Mellitus (DM), por representarem enfermidades de alta prevalência e incidência em âmbito global, e serem um dos principais fatores de risco para a progressão destas patologias. A SM é uma série de fatores de risco metabólicos para doença cardiovascular (DCV), DM tipo 2 e mortalidade por todas as causas, sendo que todos os componentes que entram na sua definição estão envolvidos no desenvolvimento da DRC. Junto a isso, a DRC frequentemente cursa de forma silenciosa até os seus estágios mais avançados, resultando em evolução desfavorável e alto custo no tratamento. Objetivo: Avaliar a prevalência de DRC oculta e de SM, bem como investigar a associação entre ambas patologias. Metodologia: Realizou-se um estudo transversal incialmente com uma amostra de 840 indivíduos com HA e, ou DM para o diagnóstico da DRC oculta destes, 788 foram selecionados para o estudo da SM, por terem cumprido todas as etapas da pesquisa. Foram realizados exames bioquímicos, avaliações clínica e antropométrica, e entrevistas semiestruturadas. Os dados de prevalência foram avaliados pela fórmula CKD-EPI. A definição da SM segue o critério do National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III). Utilizou-se o software SPSS para análise estatística. Resultado: Encontrou-se uma prevalência de DRC oculta de 15,4%. Destes, 7,9% foram identificados pela taxa de filtração glomerular e 7,5% foram identificados por albuminúria com TFG normal ou ligeiramente diminuído. A prevalência geral de SM encontrada foi de 65,4% e entre os indivíduos com DRC, essa prevalência alcançou 75,2%. O modelo pelo ajuste multivariado mostrou que a presença de glicose de jejum elevada, obesidade central e HDL-c reduzido (quadro da SM) foram significativamente associados à DRC. Os odds ratio ajustados por idade e sexo indicaram que os participantes com SM apresentaram 76% mais chances de DRC do que aqueles sem SM. Pelo ajuste multivariado considerando as variáveis sexo, idade, tabagismo, albumina sérica e cálcio sérico, os participantes com SM tiveram 2 vezes mais chances de ter DRC do que aqueles sem SM. Conclusão: Este estudo sugere que os esforços em prevenção, tratamento e controle da DRC e da SM junto a seus fatores associados devem ser uma prioridade das políticas de saúde, reforçando assim a importância da APS na promoção da saúde, na prevenção e diagnóstico de doenças e agravos, já que esta é a porta de entrada dos indivíduos nos serviços de saúde. |