Resumo |
Este projeto de pesquisa, em andamento, analisa o fenômeno da hibridização genérica em duas obras: O irmão alemão, do autor brasileiro Chico Buarque e A louca da casa, da romancista espanhola Rosa Montero. Este fenômeno será estudado como a consequência da prática de um suposto novo gênero literário: autoficção, denominado assim pela primeira vez na década de 70. Desta forma, a partir do estudo comparado entre as duas obras, este projeto de pesquisa se propõe a entender a popularização da autoficção entre os escritores contemporâneos, enquanto a crítica não é capaz de encontrar um consenso sobre os seus limites e, consequentemente, sobre sua categorização como gênero literário. Além disso, a autoficção carrega em seu nome a contradição entre o pacto autobiográfico e ficcional com o leitor, inerente ao gênero. Assim, essa narrativa permite que o escritor obtenha uma maior liberdade no ato da criação, possibilitando um jogo ambíguo entre a ficção e a autobiografia que será usado pelo autor da forma que preferir em seu texto literário. A análise dessas obras está entrelaçada com o estudo de alguns autores teóricos que estudam a noção de autoficção, como Ana Casas (2012), Manuel Alberca (2007), Vicent Colonna (2004). Dessa forma, o desenvolvimento da pesquisa foi dividido nas seguintes etapas: o estudo de textos teóricos que abordam a questão da origem dos gêneros literários, assim como o entendimento dos processos de hibridação de gêneros como o ensaio, o romance e as memórias, todos eles presentes nas obras estudadas; a análise do conceito de autoficção e suas diferentes modalidades narrativas; o estudo comparado dos dois romances escolhidos; e por último, a elaboração de um artigo acadêmico. Os resultados finais desta pesquisa ainda não foram estabelecidos, porém, até o momento, é possível perceber nos textos estudados que a autoficção cria um jogo ficcional e, ao mesmo tempo, biográfico condicionado diretamente pelo grau de conhecimento que sobre sua imagem pública/biografia o escritor prevê no leitor, determinando assim a modalidade de autoficção escolhida. Também é demonstrado que o novo gênero representa um atrativo aos autores tanto pela liberdade criativa quanto pelo efeito ambíguo que provoca na recepção do leitor, no limiar entre o pacto autobiográfico e o pacto ficcional. |