Resumo |
A insuficiência pancreática exócrina (IPE) em cães é uma afecção que ocorre quando há perda da maioria ou quase totalidade da massa acinar pancreática, levando à deficiência na produção de enzimas digestivas pancreáticas. Os animais acometidos tipicamente apresentam sinais de má digestão e má absorção, como perda de peso, diarreia crônica e polifagia, podendo apresentar inclusive doenças endócrinas associadas, como o diabete melito. O presente trabalho objetiva apresentar a IPE canina, na intenção de auxiliar Médicos Veterinários no diagnóstico e tratamento dessa. O diagnóstico é feito por exclusão de outras causas de má-digestão e absorção, e pela realização de testes específicos de função pancreática, dentre eles a atividade proteolítica fecal (APF), a imunorreatividade sérica semelhante à tripsina (ISST) e imunorreatividade da lipase pancreática (ILP). O teste da APF é um método simples e de fácil execução na rotina clínica, e baseia-se na digestão de filme radiográfico pelas enzimas pancreáticas presentes nas fezes. Porém em virtude de possíveis alterações fisiológicas na composição diária das fezes, é essencial que haja uma padronização do teste, para que não ocorram resultados falso-positivos. A avaliação da ILP é de maior sensibilidade diagnóstica, em relação ao teste da ISST, para aqueles casos em que a pancreatite crônica é a etiologia da IPE. Encontra-se disponível no mercado, teste quantitativos e qualitativos para o diagnóstico da pancreatite. O Spec cPL® (IDEXX Laboratories®) é um teste quantitativo e valores inferiores a 200 μg/L são considerados normais e descarta-se a pancreatite; aqueles no intervalo de 200 μg/L e 400 μg/L é indeterminado, sendo inclusive questionável o resultado, tal como na ISST; valores acima de 400 μg/L são compatíveis com a pancreatite. A avaliação da ISST, é o método de mais alta especificidade e sensibilidade para o diagnóstico da IPE em cães, mesmo subclínica, e atualmente é tido como o único teste de escolha e padrão-ouro. Os valores de normalidade para a espécie canina variam de 5 a 35 µg/L, em que animais que possuam a dosagem de ISST inferiores a 2,5 µg/L são compatíveis com IPE. O principal tratamento da IPE em cães é a suplementação da dieta com enzimas pancreáticas exógenas, de origem bovina ou suína, denominada pancreatina, comercializada sob as mais diversas apresentações, tais como cápsulas, comprimidos, grânulos, concentrado em pó; pode-se ainda utilizar o pâncreas in natura. O conhecimento da IPE em cães é extremamente importante e deve ser considerado sempre como diferencial para causas de diarreias pastosas crônicas não responsivas aos tratamentos convencionais e sem etiologia identificada. Além disso, dado ao avanço frequente do perfil socioeconômico da sociedade, bem como a mudança no padrão de consumo, é de responsabilidade do Médico veterinário se manter atualizado sobre os avanços científicos, e sob posse desses, aplicá-los na melhoria continuada da qualidade de vida de seus pacientes. |