Resumo |
A chamada lignina técnica é gerada como subproduto do processo de produção de polpa celulósica Kraft, sendo esse o mais utilizado para produzir celulose no Brasil e no mundo. Frente à realidade das indústrias de não conseguirem converter todo o licor negro em energia, pesquisas estão sendo realizadas para avaliar a utilização da lignina presente no licor em produtos de alto valor agregado, sendo uma dessas possibilidades a síntese de adesivos fenólicos para madeira. A lignina pode ser utilizada como substituto do fenol em resinas fenólicas porque em sua estrutura estão presentes anéis aromáticos do tipo fenólico, que reagem com o formaldeído, porém de forma menos reativa que o fenol. No entanto, existem reações de modificação química que podem ser aplicadas para aumentar sua reatividade, com vistas para sua viabilização em adesivos para madeira. Assim, o objetivo deste trabalho foi sintetizar adesivos fenólicos com a substituição do fenol pela lignina Kraft de eucalipto fenolada e caracterizar suas propriedades. Para sintetizar o adesivo fenol-formaldeído, adicionou-se 81,08g de formaldeído, 48,45g de fenol e 4,80g de NaOH 50%, nesta ordem, que foram aquecidos à 90 °C por 2 horas, sob agitação. Foram adicionadas 3 cargas de 4,8g de NaOH à 50%, em tempos de reação pré-determinados. Na síntese do adesivo lignina-fenol-formaldeído utilizou-se lignina fenolada como substituta do fenol nas proporções de 25, 50, 75 e 100 % e adicionou-se 20g de CH3OH. Os adesivos foram caracterizados quanto ao gel time, pH, teor de sólidos e viscosidade. De acordo com os resultados, os tratamentos 1 e 5 tiveram tempo de gelatinização estatisticamente igual, os quais diferiram dos demais. Não se observou diferença estatística entre os valores de pH dos adesivos, o que já era esperado, visto que durante a síntese adesiva manteve-se as mesmas cargas de NaOH que foram utilizada na produção do adesivo fenol-formaldeído. Os maiores teores de sólidos foram observados em T2 (51 %) e T3 (50 %), valores satisfatórios para adesivos fenólicos, visto a importância do teor de sólidos na formação da linha de cola. A viscosidade da formulação 1 foi superior aos demais tratamentos, contrariando o esperado; não sendo possível estabelecer relação entre a viscosidade e a quantidade de lignina nos adesivos. De modo geral, os adesivos formulados com lignina tiveram baixa viscosidade. Vale salientar que a baixa viscosidade pode ocasionar linha de cola faminta. No entanto, essa viscosidade pode ser aumentada com adição de carga e extensores. Conclui-se que a formulação 5 foi a que apresentou maior potencial para síntese de adesivo, tendo as suas propriedades similares a testemunha (adesivo fenol-formaldeído). |